por Henrique Fernandes » sexta jun 01, 2012 9:32 pm
Já praticamente tudo foi dito pelos companheiros que aqui intervieram.
Mas acerca desta história do "low-cost", e da ponderação que se deve dar a tal expressão, permitam-me que informe aqueles que ainda o desconhecem, que, nalguns países do norte da Europa (Escandinávia), já se pratica uma modalidade que poderíamos denominar, pelo espírito deste Fórum, de "utility-cost" (ou "super-inteligent-cost")...
Muitos hotéis criaram pequenos espaços de acolhimento, para estacionamento e pernoita, dedicados exclusivamente às ACs (!!!).
Depois vendem um produto genericamente constituído pelos seguintes serviços: bar/sala de convívio (à noite) + banho + pequeno-almoço.
Desta forma conseguem atravessar, com sustentabilidade económica, os períodos de mais reduzido movimento, à custa de um certo comportamento anti-cíclico dos autocaravanistas em termos de sasonalidade turística.
Por exemplo, numa população de 5 milhões, cerca de 3 milhões e meio de noruegueses viajam, todos os anos, em férias para o exterior. Isto acontece sobretudo no verão. Esse "vazio de clientes" é compensado pelas condições que esses hotéis disponibilizam aos autocaravanistas que, por acaso, nessa altura invadem a Noruega, sobretudo alemães.
Isto permite-nos olhar para o fenómeno autocaravanista numa perpetiva totalmente nova.
Claro que os proprietários desses hotéis não entendem os autocaravanistas como pelintras. Limitam-se a perceber que, simplesmente, eles não precisam da cama e roupa lavada do hotel, mas são capazes de querer o resto.
Não levo a mal que os jornalistas da entrevista aqui debatida não percebam isto, ou, sequer, que nem saibam que isto acontece noutra qualquer parte do mundo.
A primeira tentativa de implementar um projeto semelhante em Portugal (pelo menos que eu saiba...) ocorreu o ano passado em Celorico da Beira, distrito da Guarda. Mas falhou por falta de condições orográficas dos terrenos envolventes do hotel, muito inclinados e pouco dados ao acolhimento de ACs.
Mas fica a ideia, seja "low-cost", "chic-cost", " inteligent-cost" ou outro "cost-qualquer", para quem queira e possa dar o tiro de partida!
Aí sim, penso que pelo menos alguns dos nossos hotéis passariam de uma crise de "suffering-cost" para "relief-cost"...