Boa noite,
Esta situação não deverá por nós ser encarada como exclusiva do Algarve. O risco desta situação se repercutir ao nível do litoral, um pouco por todo o país é bem real, aliás já existem alguns locais onde isso acontece.
Se é fácil, para quem não é do Algarve, dizer “é por isso que eu não vou para o Algarve”, a verdade é que se virmos a problemática do ponto de vista dos vários companheiros que são da região, temos que concluir que eles ficam bastante limitados no gozo do seu hobby, já que ficam obrigados a todos os fins-de-semana em que saírem, a efectuar longas deslocações para saírem da zona das proibições.
Penso que existe, em toda esta situação, alguns pontos a merecerem reflexão:
- Sinalização - Pelo que percebo do que refere o meu amigo Paulo, não é explicito e não é perceptível que abrangesse a zona onde se encontrava correctamente estacionado. Para além disso, pelo que foi aqui recentemente escrito, a placa adicional só pode ser positiva e não para excluir.
Contudo, para além de ser ilegal, será sem dúvida inconstitucional já que é discriminatória, se bem compreendi o agente da autoridade, terá respondido a uma pergunta do Paulo, referindo que uma camioneta frigorifica ou um furgão de mercadorias de dimensões aproximadas à AC poderiam lá estacionar, por não estarem incluídas nas excepções da placa, não se tratando portanto de uma excepção motivada por razões da dimensão do veículo. - Aparato dos meios aplicados – Porque razão terão sido destacados um tal número de efectivos para uma operação de baixo risco, com objectivo claro de garantir que Portugueses e estrangeiros não escapariam à multa?
- O que terá motivado ou instigado esta acção da policia? Os comerciantes locais não o foram, já que eles agradecem o movimento extra trazido pelos autocaravanisto nesta época baixa.
Na minha opinião pessoal, por trás destas acções estarão os proprietários dos campings como Fernando Rocio do camping Ria Formosa em Tavira e a AECAMP/Orbitur, que continuam fixados no objectivo de colocarem dentro dos seus camping’s as autocaravanas que estão fora, bem como o indescritível artigo publicado no jornal do barlavento(http://www.barlavento.online.pt/index.php/noticia?id=39399), o qual motivou, e bem, algumas cartas de reacção por parte de companheiros autocaravanistas, as quais infelizmente não mereceram por parte do Jornal a sua publicação.
Este artigo é falso mas assustador já que fala numa soma astronómica (8 milhões de eruros) que estariam a ser subtraídas aos camping’s pelo facto de as autocaravnas estarem estacionadas fora dos mesmos.
Este artigo foi não tenhamos dúvidas, altamente patrocinado pelo donos dos camping’s, só que não irá ter os efeitos esperados porque parte de pressupostos errados, porque mesmo que todas as autocaravanas, que ao serem impedidas de estacionar na rua fossem para o parque de campismo, os Euros que lá deixariam seriam sempre euros a menos que deixariam na povoação, nos restaurantes, cafés, etc., mas o pior dos efeitos das multas e proibições é que os estrangeiros procuram outros países onde não se sintam perseguidos. Com isto ficam a perder os autocaravanistas portugueses, que não podem estacionar no Algarve, ficam a perder os comerciantes que perdem uma série de clientes na época baixa, fica a perder o País na imagem, porque estas acções não deixarão de ser divulgadas nos diversos meios autocaravanistas internacionais, perde o País muitos euros numa altura de crise, porque estes turistas os irão gastar noutros países.
E o incrível é que os campings, com a sua falta de visão, irão também perder, porque saindo do País nunca os autocaravanistas estrangeiros irão procurar os serviços do camping, enquanto que, estando cá alguns deles, poderiam acabar por recorrer a alguns períodos de estadias no camping por motivos vários.
Não podemos esquecer que, coincidência ou não, tudo isto acontece muito pouco depois das jornadas técnicas do Algarve, onde interviram os representantes da FCMP, do camping de Tavira, e da AECAMP/Orbitur.
Recordo aqui algumas das frases de Manuel Dias presidente da AECAMP e administrador do grupo Orbitur, as quais podem ser lidas no link que indiquei acima e que poderão muito bem ter contribuído para o incentivo desta acção policial:
Manuel Dias in Jornal do Barlavento Escreveu:Para o presidente da Associação Portuguesa de Empresários de Camping e Hotelaria ao ar livre (Aecamp), o problema está «na falta de fiscalização das autarquias e das autoridades», que deveriam «actuar em conjunto e levar os autocaravanistas a criar valor económico nos parques de campismo».
De acordo com Manuel Dias, apesar de uma autocaravana poder estar parada num parque automóvel, isso não dá ao condutor o direito de aí pernoitar, uma vez que «está a fazer do transporte um espaço de alojamento».
«Se, por força da lei, os parques de campismo estão obrigados a estruturar-se para receber este tipo de turistas, não se percebe por que têm de continuar a ver o seu negócio na rua», entende o também administrador do grupo Orbitur.
Eu, por mim, não estou disposto a utilizar um camping, numa zona em que seja proibido o estacionamento das autocaravanas, aliás foi isso mesmo que eu há cerca de 4/5 anos fiz na Nazaré, tendo referido isso mesmo ao gerente do Parque da Orbitur de Valado de Frades que até já me conhecia relativamente bem por ir lá alguns fins-de-semana. Como nunca conseguia chegar cedo à sexta-feira, dormia na povoação da Nazaré, depois no sábado ia à praça, ao café, aos jornais, entre outras compras indo depois para o parque de campismo, no domingo normalmente almoçava num dos restaurantes da povoação, voltava para o parque para mais umas horas de liberdade dos miúdos e finalmente ao final da tarde regressava a casa. Após a colocação dos sinais de trânsito e estacionamento proibido, não lá mais lá voltei, nem à povoação nem ao camping, tendo como já referi frisado essa questão ao gerente para que ele percebesse que não iria ganhar nada com as proibições de estacionamento.
No dia em que os responsáveis dos camping’s perceberem que não ficam a ganhar nada com as proibições que nos são impostas talvez deixem de incentivar o aumento das proibições ao estacionamento. Por outro lado, a motivação para usar os serviços da Orbitur, enquanto estiver no seu seio responsáveis com o tipo de discurso de Manuel Dias será nula.