Galiza

Paulo Rosa, Agosto de 2004

21 de Agosto

Fátima

Fátima

Saímos do Algarve em direcção ao Norte, pela A2 e desviámos para Santarém. Chegados a Santarém, tomámos a direcção de Fátima. Neste local efectuámos uma paragem para descanso e almoço, com visita ao santuário. Retomadas as forças, seguimos em direcção ao Porto, e em Gaia, optámos por pernoitar no Parque de Campismo dos Salgueiros. Este parque tem muitos "fixos", mas é cuidado, tem boas condições e muito acessível. Após o jantar fomos passear pela marginal, junto ao mar. É uma zona de construção muito recente, bastante agradável, com convite ao passeio nocturno. Tivemos conhecimento da ocorrência de dois atentados levados a cabo pela ETA em Baiona e Sanxenxo (Galiza), precisamente o nosso destino!! Após reunião familiar decidimos continuar a viagem, tendo sempre como referência, que se a situação se agravasse, efectuaríamos "acerto" de rota.

Total acumulado = 600 km

22 de Agosto

Saída de Gaia (Praia dos Salgueiros) em direcção a Braga e Valença do Minho, pela A3. Paragem para almoço num parque de estacionamento, junto ao castelo de Valença. Bebemos um café numa esplanada (eu e as crianças) enquanto a esposa foi "explorar" o comércio local, tendo comprado um tapete para a entrada da AC.

Seguidamente fomos em direcção a Espanha. Após a passagem da bonita fronteira sobre o rio Minho, desviámos até Tuy. Esta cidade histórica e antiga, está situada no alto de uma colina banhada pelo rio Minho, frente à cidade portuguesa de Valença. Fizemos o passeio "sobre rodas" e guardámos a imagem de Tuy como cidade agradável, com um zona histórica pequena, mas bonita.

La Guardia – Monte de Santa Tecla

La Guardia – Monte de Santa Tecla

Seguindo então em direcção a La Guardia. É um dos povos piscatórios mais típicos de Galiza, com a sua costa abrupta, em cujo rendilhado de costa podemos encontrar as praias de Area Grande, Fedorento e Aldramán, além de uma linda praia fluvial situada na foz do rio Minho, conhecida como Camposancos. Em La Guardia visitámos o porto de pesca e o Monte Santa Tecla (340 mts),o qual assinala o fim das terras galegas, sendo para nós o marco de início da viagem.

No monte Santa Tecla, encontramos testemunhos dos paleolítico e neolítico, entrelaçados com a cultura "castreña", especialmente no povoado celta, com as sua cabanas circulares e todo um conjunto de muralhas de protecção. No cume deve ser visitada a eremita Santa Tecla, em torno da qual se celebra uma romaria popular de origem pagã, não esquecendo a entrada no museu arqueológico. Nesta zona memorizámos as vista, fotografámos e filmámos. O Tommy (o nosso cão), como guarda, ficou na AC a descansar. No final do dia retornámos a La Guardia, e pernoitámos no Camping Santa Tecla. É um camping plantado à beira do rio Minho, com muita sombra, parcelas com solo de erva e boas casa de banho. Tem piscina, bar, parque infantil e as ruas são pavimentadas. A vista à noite é linda, sobre a cidade portuguesa de Caminha. As luzes reflectem-se sobre o rio, como se este fosse um espelho. Neste momento estou com a Catarina no café do camping, a preparar a rota de amanhã. Ela só quer é "bolinhas" da máquina, tiradas com moedas de 0.50€.

Total acumulado = 744 km

23 de Agosto

Baiona

Baiona

Saímos de La Guardia por volta das 10h30, percorremos a estrada que serpenteia a costa até Baiona. A paisagem é linda e agreste. Chegados a Baiona, e após os problemas normais de estacionamento nas zonas turísticas, estacionámos no final norte da marginal, junto ao Hotel Bahia Baiona. Percorremos a pé o passeio marítimo e almoçámos na zona típica. Aqui é tudo muito rústico, com casas em pedra e muitas tasquinhas onde se podem provar as iguarias locais. Foi nesta localidade que em 10 de Março de 1493 atracou a caravela La Pinta, que trazia a notícia da descoberta da América. Nesta localidade de mar, podemos observar a fortaleza de Monte Real, com as suas imponentes muralhas, actualmente convertida em pousada. Gostámos da localidade e não sentimos insegurança relativamente ao rebentamento da bomba no passado Sábado. Partimos de seguida para Vigo, pela estrada nacional. Chegados a esta cidade tivemos muita dificuldade em encontrar o acesso ao porto, devido a obras...e acabámos mesmo por não o visitar.

É uma cidade com 300.000 habitantes, marcada pela sua actividade industrial, tanto ao nível das pescas, como da indústria automóvel. Seguimos em direcção a Pontevedra, por auto-estrada, para ganharmos algum tempo. Esta é uma cidade a não perder, especialmente o seu "casco antigo". Estacionámos junto ao rio Lérez, frente ao Porto Desportivo. Em Pontevedra estava tudo muito bem cuidado, havia muitos turistas e gente nas ruas. Deve-se visitar a Igreja de Sta. Maria e a Basílica de La Peregrina (Séc. XVIII), na zona histórica. Nesta zona há um bom apoio ao turista, em que facilmente se podem obter mapas e visitas guiadas. Pontevedra é a capital da província, uma cidade antiga, que manteve um importante comércio e tráfego marítimo até meados do Séc. XVII. Hoje é uma cidade senhorial aberta e cheia de intimidade. A arquitectura é variada e atractiva, alternando as casas de estilo "Pazo aldeano", burguesas, moradias humildes, adornadas com hortas e jardins, algumas delas com os famosos "hórreos", muito frequentes na cidade (e em toda a Galiza). Terminada esta visita, foi hora de seguir até Sanxenxo. É uma vila localizada na ria de Pontevedra, e assume o destaque de um dos centros turísticos mais importantes da Galiza, tanto pela sua beleza natural, como pela infra-estrutura hoteleira e de serviços. Sanxenxo conta no centro da localidade com a famosa Praia de Silgar, percorrida por um bonito passeio marítimo, repleto de veraneantes e turistas. Estacionámos aqui por duas horas. Como é normal nestas estâncias balneares, estacionar uma AC é "missão impossível". Percorremos a pé a marginal, para reter as imagens do bonito mar de Sanxenxo, filmámos e tirámos algumas fotos entre a multidão. Estivemos junto do Porto Desportivo, onde no Sábado anterior explodiu a 2ª bomba colocada pela ETA. Fomos seguidamente para Portonovo, onde pernoitámos no Camping Baltar.

Total acumulado = 860 km

24 de Agosto

Camping Baltar

Camping Baltar

Depois de acordar, no Camping Baltar, demos um passeio pelo interior do mesmo. Considerámos que o mesmo era caro, mas com condições – piscina, bons serviços de WC e supermercado. A direcção tomada agora, foi a de Villagarcia de Arousa. Chegados ao cruzamento de O Grove, desviámos para esta localidade, a qual abriga um famoso povo pesqueiro. Trata-se de uma península situada na Ria de Arousa, que liga a Isla de la Toja através de uma ponte. O Grove e a Isla de la Toja, representam uma zona de veraneio, que tira do mar a sua riqueza. Esta zona possui a maior concentração de restaurantes e marisqueiras da Galiza. Não devem perder a visita ao marcado, onde aproveitámos a ocasião para comprar umas sapateiras para o jantar. Nesta vila sente-se o ambiente de pesca e mar – é muito agradável. Aqui é possível pernoitar junto ao porto de pesca e ao mercado do peixe/mariscos. Visitámos o centro, a Catarina brincou no parque infantil (gostámos do local). Retornámos à estrada principal e antes de Villagarcia, desviámos até Villanova de Arousa. No caminho parámos na Praia da Sinas, onde molhei os pés e recolhi água para cozinhar as sapateiras, tendo ficado surpreendido com a agradável temperatura da água.

O João foi solicitado por um casal que estava a tentar ensinar os filhos a lançar um papagaio ("cometa"), mas (in)felizmente não havia vento suficiente... e continuámos viagem. Voltámos para trás e chegámos finalmente a Villagarcia de Arousa, onde almoçámos no McDonalds do porto desportivo. Por aqui não encontrámos nada de atractivo. Seguimos em direcção a Rianxo, onde visitámos o típico porto de pesca, pertencente à costa "corunhesa" da Ria de Arousa, que conta com inúmeras casas brasonadas. Continuámos e passámos bela típicas localidades de Pobra do Caramiñal, Ribeira, Porto do Son, Noia e finalmente parámos em Muros. Aqui disfrutámos da bonita zona histórica. Tem uma igreja que nos fez lembrar uma antiga abadia. Aqui perguntei a um senhor o significado e utilidade dos inúmeros "palheiros" em pedra que se encontravam por toda a Galiza. Informou-me o nome era "hórreo", e eram utilizados para secar o milho – motivo pelo qual têm um elevado número aberturas, para circulação do ar. De Muros seguimos para um dos nossos grandes objectivos – Cabo Finisterre. Acelerámos o passo, de modo que pudéssemos assistir ao pôr-do-sol, sem sabermos que era algo muito apreciado na zona. A península de Finisterre, completa de areais e dunas, alberga a vila "marinera" com o mesmo nome. Na antiguidade estava considerada como um mito, quando as tropas de Décimo Junio Bruto, ficaram queimadas debaixo desse sol "al rojo vivo", diante de um mar imenso, ilimitado e desconhecido – daí vem o seu nome de "Fim de la Tierra". O povo é constituído por pescadores, com um interessante igreja românica que guarda o Cristo de Finisterre. O pôr-do-sol foi "sentimental", com uma grande assistência de visitantes, os quais, quando o sol se pôs bateram palmas, como se de um filme se tratasse. Filmámos e fotografámos a cena e depois do seu terminus, ainda tivémos tempo para comprar uns postais da zona e um "recuerdo" para decorar a AC – um pequeno marinheiro em louça. O Cabo Finisterre podería ser um local de pernoita, mas é um pouco isolado e não havia companhia de outras ACs, assim retornámos à localidade de Finisterre, passámos pelo porto de pesca (local de pernoita), mas como também não havia companhia, pernoitámos no Camping Ruta de Finisterre em Cee. Gostámos deste camping, com solo em erva, bons duches e WC e preço normal.

Total acumulado = 1103 km

25 de Agosto

Cabo Villano

Cabo Villano

Seguimos de Cee a Corcubion. Esta localidade conta com um porto de grande importância e praias de grande beleza. As edificações são relativamente modernas, dado que foi tomada pelos franceses durante a guerra da independência, em 1809. Foi hora de percorrer a estrada até Muxia. No caminho visitámos uma igreja do século XII – "Igrexia de Moraime", muito bonita e cuja antiguidade transpira em todas as pedras. É um porto pesqueiro localizado numa enseada com praia e um monte granítico denominado El Corpiño, que protege a localidade do vento marítimo. Com águas ricas em marisco e peixe de primeira qualidade, Muxia está localizada na chamada "Costa da Morte", assim chamada pelas suas lendas de naufrágios, sendo algumas verdadeiras e outras fruto da imaginação popular. De Muxia, após visita da marginal, fomos até Camariñas. Parámos no estacionamento do porto de pesca, junto a duas AC espanholas, que deveriam ter lá passado a noite. Este porto e o seu ambiente ficaram com um registo muito particular no nosso álbum de recordações. Fomos almoçar num snack frente ao porto, onde degustámos uns deliciosos "chipirones" (choquinhos fritos) a preço muito acessível. Seguidamente filmámos e fotografámos os barcos, os pescadores na sua faina e as gaivotas. Foi hora de seguirmos até ao farol de Cabo Villano, que se situa a 4 km de Camariñas. Neste cabo está em funcionamento um grande parque eólico, para produção de energia eléctrica, tirando partido dos ventos da costa galega. Este farol, de arquitectura simples, tem uma envolvente encantadora de mar e rochas e está localizado num quadro paisagístico cheio de contrastes – é um local a não perder. Filmámos e fotografámos muito, tendo sido a estrela principal a AC, em vários ângulos. Deixámos esta bonita zona para nos aproximarmos de A Coruña.

Fomos em direcção Carballo e depois (pela primeira vez nesta viagem, por estradas estreitas e ruins) até Arteixo, onde pernoitámos nas proximidades, mais concretamente no Camping Balcobo. É um camping familiar, com saida directa para a praia. É uma praia grande mas abrigada, pois o camping e a praia ficam no fundo de um vale. Dado o grande desnível de terreno, neste camping não se capta TV, nem há rede de telemóvel. No entanto é um camping cuidado e acolhedor, com preço razoáveis, com parcelas em relva e WC e lava-louças interiores – o que é muito bom, dado o arrefecimento nocturno.

Total acumulado = 1270 km

26 de Agosto

La Coruña

La Coruña

Acordámos no Camping Balcobo (Valcobo – Arteixo), o dia estava cinzento. Depois de nos despacharmos (......) chamámos um taxi, que nos levou até Arteixo. Aqui tomámos um autocarro até à Corunha. É uma cidade grande, com uma marina, porto, marginal e zona histórica. Percorremos a zona histórica a partir da Praça Maria Pita. É importante ir ao Turismo e pedir o mapa da cidade, para uma melhor orientação da visita. Para quem vai de AC até esta cidade, convém saber que é possível estacionar na marginal, sendo apenas uma questão de disponibilidade de lugares. Na zona histórica apreciámos a arquitectura das edificações e visitámos as igrejas que estavam abertas. Seguidamente fomos ao castelo de San-Antón, situado num ilhote à entrada do porto. A Corunha é a capital da província com o mesmo nome, e está situada entre duas baías rochosas sobre uma península rochosa, de clima temperado e suave. Nesta cidade os pontos de maior interesse, além dos já citados, são o Museu Provincial de Belas Artes, a Casa das Ciências, além da zona da Marina. Depois de um bom almoço de "calamares", "chipirones" e "gambas al ajo", retornámos ao camping, de onde seguimos em direcção a Santiago de Compostela, onde pernoitámos no Camping As Cancelas.

Total acumulado = 1340 km

27 a 28 de Agosto

Catedral de Santiago de Compostela

Catedral de Santiago de Compostela

Nestes dois dias o grade objectivo foi conhecer Santiago e os seus monumentos. O Camping As Cancelas oferece as melhores condições para visitar Santiago. A cidade de Santiago de Compostela está situada no coração da Galiza a 260 mts sobre o nível do mar, povoada por cerca de 75.000 habitantes, de clima suave e temperado tem uma temperatura média nos meses mais frios superior a 10º e nos mais quentes não ultrapassa os 21º. Hoje em dia é a capital, tanto espiritual como política da Galiza, uma vez que alberga o Governo Regional e o Parlamento Galego. Não se pode escrever sobre Santiago o suficiente que substitua uma viagem, pelas suas ruas e monumentos. Como principais monumentos religiosos de interesse em Santiago, temos a imponente Catedral, o conjunto da Igreja e Mosteiro San Martin Pinario, o Convento e a Igreja de S. Francisco, a Igreja de Sta Maria Salomé e La Colegiata de Sta Mª la Real del Sar, com as suas colunas inclinadas no interior do templo e claustro (visita obrigatória). Outros monumentos civis são El Hostal de los Reyes Católicos na praça do Obradoiro, o Palácio de Raxoi na mesma praça, o Colégio de Fonseca, o Convento de Sto Domingo de Bonaval, actualmente Museu do Pobo Galego. A zona antiga (casco antíguo) da cidade comporta uma enorme beleza arquitectónica, com as suas ruas típicas, as suas tabernas e as suas pequenas praças, em que se destacam a Alameda com o seu passeio circular da Herradura, donde se contempla uma bonita vista da fachada da Catedral. Na tarde de 28 de Agosto regressámos a Portugal, tendo-se escolhido Fátima para pernoitar, na zona dedicada ao estacionamento de ACs, perto do Santuário.

Total acumulado = 1760 km

29 de Agosto

Regresso a casa – de volta ao Algarve!

Total acumulado = 2200 km