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Do Cabo da Roca ao Cabo Norte

Nuno Machado, Abril e Maio de 2005

25 de Abril

Óbidos → Cabo da Roca (273 km)

Como hoje é feriado, decidimos aproveitar para dar início à que até agora será a nossa maior viagem de autocaravana. A meio da tarde saímos de Óbidos por forma a chegar ao Cabo da Roca ao Pôr-do-Sol. Queríamos tirar algumas fotografias para comparar com o Sol da Meia-Noite!!!...

Esta primeira etapa serviu também para perceber dinamicamente como estava a AC, pois já há uns meses que não havia viagens e tinha vindo recentemente da revisão.

Conseguimos um Pôr-do-Sol magnífico, ainda que estivesse muito vento. Tirámos as fotos da praxe e depois de brindarmos a desejar boa viagem (com Ginjinha de Óbidos e Licor de Pessegueiro da nossa produção), colocámos o autocolante referente ao Cabo da Roca, no respectivo local da traseira da nossa AC. A “expedição” estava lançada, a visita ao Cabo de partida estava cumprida pelo que rumámos ao Guincho e Boca do Inferno para não voltar pelo mesmo caminho.

No regresso a casa só pensávamos que já queríamos era seguir caminho... mas ainda faltavam 3 dias...

Total acumulado = 273 km

29 de Abril

Cabo da Roca → Tordesillas (507 km)

Hoje é o grande dia, depois da visita ao Cabo da Roca, foi finalmente dada a partida para a grande viagem. O dia foi longo, fomos trabalhar bem cedo e como saí ao meio dia, couberam-me os últimos preparativos (encher o depósito de água, preparar a cassete do WC e carregar as últimas coisas). Não cabia mais nada, desde o porão aos armários de tecto, todos os espaços estavam preenchidos.

Levámos provisões para 3/4 da viagem (leite, iogurtes, água, congelados, enlatados, fruta e legumes, etc.), pois sabíamos que a Escandinávia tem preços proibitivos para a nossa bolsa.

Já saímos de Óbidos por volta das 18 horas e só parámos perto de Salamanca para atestar os estômagos. Chegámos à área de “Los Pollos” (Tordesillas) à meia-noite. Estávamos muito cansados mas conseguimos cumprir a primeira etapa conforme o previsto, foi só encostar junto ao Hotel e dormir.

Total acumulado = 780 km

30 de Abril

Tordesillas → Tours (958 km)

O dia amanheceu com muito calor. Depois de tomar o pequeno almoço e atestar, arrancámos já com o ar-condicionado ligado pois a “meseta” não dá tréguas...

Foi o dia todo a rolar e em Bordéus optámos por ir pela nacional em direcção a Angoulême, a escolha pareceu-nos acertada pois trata-se de uma espécie de I.P. com um trajecto mais rectilíneo.

Dormimos numa área de serviço da A.E., pouco depois de Tours, onde a razão de camiões portugueses / outras nacionalidades, era seguramente de dez para um...

Total acumulado = 1738 km

1 de Maio

Tours → Valenciennes (422 km)

Não nos conseguimos levantar muito cedo, as etapas longas tornam as noites mais compridas!!! Seguimos de auto-estrada até Paris e graças ao GPS estacionámos a 50 metros da casa dos nossos amigos Sarah e Nicolas. Só conseguimos este lugar porque era feriado do 1º de Maio, o trânsito e o estacionamento não tinham nada a ver com o costume.

Almoçámos em casa da Sarah e à tarde fomos dar um passeio com eles e as suas 2 filhas Chloé (3 anos) e Julie (3 meses).

No final da tarde, após um banho refrescante, apanhámos o “peripherique”, que se encontrava bastante congestionado, e depois a auto-estrada em direcção à Bélgica. Jantámos e dormimos perto da fronteira, na área de serviços de “La Sentinelle” que tem estação para cargas e descargas para AC (a pagar), mas com um método de recolha de águas sujas por meio de um tubo com aspiração, que não é compatível com o nosso sistema.

Total acumulado = 2160 km

2 de Maio

Valenciennes → Munster (434 km)

Quando acordámos, chovia e trovejava violentamente. Seguimos pela AE e chegámos a Bruxelas por volta das 10.30 h. Após uma volta junto ao centro, estacionamos no parque da “Boulevard PointCarré”. O tempo melhorou e tirámos a scooter para visitar o centro. Tal como imaginávamos a “Grande Place” é assombrosa. Percorremos algumas vielas do centro e escolhemos um restaurante para poder apreciar o meu prato belga preferido – “moules” com “moules”!

Se a “Grande Place” era tão imponente quanto imaginávamos, o “Manneken Pis” é tão miserável como esperávamos... ainda por cima com a peregrina ideia de mudar de traje diariamente... hoje era ciclista!!!

Feito o percurso pelo centro, decidimos voltar à AC e seguir em direcção ao “Atomium”. Fizemos uma paragem nos jardins e depois da fotografia da praxe, seguimos, por estradas secundárias até Lier, onde sabíamos que havia uma área de serviços para AC, pois precisávamos mudar as águas. A área está bem sinalizada e depois das mudanças e um pouco de conversa com o responsável pelo parque de estacionamento, seguimos a AE em direcção a Heindoven, atravessando pelo Sul a Holanda, e rumando à Alemanha (Duisburgo-Munster). Por volta das 10 da noite parámos numa área da AE para dormir. Trovejava e chovia a cântaros.

Total acumulado = 2594 km

3 de Maio

Munster → Copenhaga (577 km)

Deixámos a área de Munster às 09.30 h e seguimos pela auto-estrada até Puttgarden, onde chegámos às 14.00 h, e o próximo ferry saía ás 14.15 h! Timming perfeito! A travessia durou 45 minutos e o mar estava muito calmo. O tempo estava nublado pelo que a vista não era nada de especial. Ás 15.00 horas estávamos em solo Dinamarquês.

Na auto-estrada reparámos que éramos ultrapassados por muitos carros e sobretudo carrinhas (station-wagon), completamente de rojo, carregados de tabuleiros de latas de cerveja!!!. Viaturas dinamarquesas e suecas, com famílias inteiras, vindas da Alemanha, com a mala a abarrotar de cerveja... deve ter a ver com o imposto sobre os produtos alcoólicos!?

Chegámos a Copenhaga, o GPS não acertava uma e fomos à procura do estacionamento de que tínhamos indicação, o Parque do Tivoli. Encontrámos o Tivoli mas os parques junto deste eram todos cobertos!!! Quando desistimos e fomos desviados do caminho por onde íamos, por estar a decorrer uma espécie de maratona para todas as idades, “tropeçámos” no Tivoli Parkering...

Estacionámos a AC e só então nos lembrámos que ainda não tínhamos coroas dinamarquesas para o parquímetro! Fomos a pé e perguntámos a um dos “stewarts” da maratona onde havia um multibanco, ao que este respondeu que só na “Central Station”. Dirigimo-nos para lá e levantámos coroas. Precisávamos de moedas, comprei uma garrafa de água e pedi para me darem moedas, tudo bem... Como a AC ainda ficava longe e íamos voltar para aquela zona, decidi ir sozinho enquanto a minha mulher ficava a obter informações no posto de turismo.

Quando cheguei à AC já um guarda que anda a fazer a ronda dos parques tinha passado a multa! Fui ter com ele e expliquei que tínhamos acabado de chegar à Dinamarca... e que tinha ido levantar coroas... e que o Multibanco era longe..., mas o guarda só disse que a multa estava passada, e que não havia nada a fazer. Explicou ainda que, durante 24 horas não tinha de pagar o estacionamento pois a multa servia de pagamento... 510 DKK (± 70 €)!?. Mostrei mais uma vez a minha indignação e perguntei como fazia para pagar? Ao que me respondeu que podia pagar nos correios e que em relação à minha indignação não podia fazer nada! “It’s up to you!”... –disse ele. Ai é “up to me?”... então tratem de saber a minha morada e mandem–me a conta para Portugal... Começa a ser usual, uma viagem... uma multa!!!

Voltei ao centro onde demos uma volta a pé e entrámos no Tivoli para jantar. Vale a pena, tem muitos restaurantes, muitas diversões, tipo feira popular em versão “Europa do Norte” e tem uns jardins fabulosamente cuidados.

Total acumulado = 3171 km

4 de Maio

Copenhaga → Yonkoping (362 km)

Acordámos com a chuva a bater na AC, os nossos planos de tirar a scooter e visitar melhor a cidade ficaram comprometidos. Decidimos ficar a preguiçar um pouco e tomar o pequeno-almoço com calma. Mais uma vez, os deuses estavam connosco e a chuva parou. Fomos visitar Copenhaga, de scooter, passámos pelos vários edifícios interessantes que nos tinham sido indicados no posto de turismo. Assistimos ao render da guarda e fomos à zona do porto, ver a pequena sereia...

Copenhaga é uma cidade bonita, mas não nos fascinou.

A meio da tarde saímos em direcção a Malmo atravessando a famosa “Oresund bridge”. Seguindo para norte, optámos por estradas secundárias para ficarmos com uma melhor ideia da Suécia e das suas localidades pequenas. Vale a pena o passeio! A paisagem, repleta de lagos, é muito bonita! As casas pequenas, com os logradouros muito floridos e cuidados! Gostámos muito.

Pelo caminho tentámos vários parques de campismo mas ainda se encontram fechados. Só em Yonkoping é que o Parque de Campismo está aberto o ano todo! Ficámos numa parcela muito boa, 1ª linha junto ao lago Vattern, com uma vista fantástica!

O único senão foi a existência de melgas... (nota: vínhamos preparados para os ataques aéreos mas, em toda a viagem, só aqui encontrámos mosquitos. Nesta altura do ano ainda não há problema!).

Total acumulado = 3533 km

5 de Maio

Yonkoping → Estocolmo (322 km)

O local era tão calmo que nos deixámos dormir até mais tarde. Ainda fomos dar um passeio matinal junto ao lago, pelo que só partimos à hora do almoço.

Antes de entrar na AE, fomos à procura do Museu “Husqvarna” que encontramos mas estava fechado. Curiosamente (infelizmente!) fecham nos feriados e vésperas de feriado... Terá de ficar para outra vez a visita a este museu que demonstra a capacidade e versatilidade Sueca nas mais diversas áreas, tendo contribuído para o mundo moderno com um sem fim de utensílios (desde armamento, à máquina de costura ou às motos de todo o terreno).

Fomos pela AE até Estocolmo, demos uma volta à cidade e optámos por estacionar num parque 24 horas (59º19'60''N; 18º02'00''E), junto a um dos canais, onde já estavam 3 AC’s. Um simpático casal de uma AC Norueguesa explicou-nos que é permitida a pernoita e que a máquina aceita cartão. Óptimo, assim pudemos pagar logo o parque e ficar descansados!

Fizemos o reconhecimento de Estocolmo a pé. Esta cidade é fantástica! Todos os edifícios são obras de arte, não é exagero, são mesmo todos!!! As cores, a luz do fim da tarde, a água! Superou todas as nossas expectativas, que já eram bastante altas! Das capitais que conhecemos, esta é a mais bela. Adorámos!!!

Fartámo-nos de andar, percorremos as ruelas da cidade velha (Gamla stan) e escolhemos um restaurante de “swedish food” onde jantámos algumas especialidades típicas (bife de rena, frutos do bosque, etc...).

Foi uma tarde/noite muito bem passada, muito agradável.

Total acumulado = 3855 km

6 de Maio

Estocolmo → Turku (--- km)

Passámos o dia a passear em Estocolmo, no autocarro Open Top Tours, no barco do Sight-seeing – volta às pontes de Estocolmo e a pé, sobretudo na Gamla Stan.

Felizmente lembrámo-nos de ir obter informações sobre a travessia para a Finlândia, por forma a planearmos melhor o nosso dia. Optámos por partir durante a noite, pois a alternativa era partir às 07.45 h da manhã do dia seguinte e passar 11 horas na travessia, ou seja perder o dia... Assim já com alguma dificuldade em arranjar bilhete, partimos às 8 da noite, sem termos a certeza de arranjar uma cabina/quarto.

Mal embarcámos fomos logo às informações no navio e arranjaram-nos uma cabina com WC e duche. Valeu mesmo a pena, pois não sei como teria sido, termos de passar toda noite a deambular pelo navio, sem ter onde nos encostarmos, a aturarmos as bebedeiras de praticamente todas as pessoas que lá estavam... e que parecia só ali estarem para aproveitar o “dutti-free” e comprar “paletes” de cerveja.

Total acumulado = 3855 km

7 de Maio

Turku → Helsínquia (188 km)

Logo à saída do monstruoso ferry, antes de sair do porto esperava-nos uma espécie de “garrafão” da 25 de Abril, com um parque de portagens cheio de polícias, que apenas se preocupam em fazer todos os condutores “soprar no balão”... eles sabem perfeitamente os exageros de consumo de álcool naquelas travessias. Quem “chumba” no teste, nem sequer sai do porto!!!

Estreei-me no teste do balão, e logo na Finlândia!... não é para qualquer um!

Parámos nos arredores de Turku para tomar o pequeno-almoço, esta pareceu-nos uma cidade muito industrial, a quarta maior do país e que foi capital até 1812. Tomámos a AE até Helsínquia, onde chegámos por volta das 11 h da manhã.

Demos uma volta de reconhecimento à cidade e optámos por estacionar no parque do embarcadouro para Tallinn, que fica a 100 metros do Old Market e muito perto do centro da cidade. Este parque permite que se pague estacionamento para um máximo de 48 horas, o que fizemos (mas atenção, são 28€ e a máquina só aceita moedas... acautelem-se...).

Fomos logo comprar os bilhetes do barco para Tallinn pois amanhã é domingo e havia já uma companhia esgotada...

Almoçámos no Old Market e depois fomos dar a volta pela cidade no Sight-seeing, tendo escolhido os pontos que achámos mais interessantes para uma visita mais atenta. Assim visitámos a Igreja de Pedra (Temppeliaukio), que vale a pena pela combinação das paredes em granito e o tecto em fios de cobre, e que ao que parece tem uma acústica que a transforma numa sala de concertos privilegiada. Regressámos a pé pelas ruas centrais, lanchámos nos jardins, num café estilo anos 20, e fomos ver a catedral luterana da cidade, imponente...

Helsínquia tem uma “colecção” de edifícios do mais famoso e conceituado arquitecto finlandês Alvar Alto, o que para os apreciadores/conhecedores de arquitectura a torna uma pequena metrópole cheia de pontos de interesse. No entanto, para leigos como nós, o “Alvarinho” bem que podia ter deixado muito daquele mármore em “Carrara”! E quando se vem de visitar Estocolmo, qualquer outra cidade tem dificuldade em impressionar a retina!...

Total acumulado = 4043 km

8 de Maio

Helsínquia → Tallin (--- km)

Às 08.00 horas partimos de Helsínquia, no ferry da Silja Lines, para uma hora e quarenta e cinco minutos de travessia (± 80 km) até Tallinn. Como chegámos cedo, ainda estava tudo muito calmo, calcorreámos toda a zona antiga da cidade e ficámos muito agradados com a beleza dos edifícios, ainda que muitos estejam a precisar de restauro (venham lá os fundos comunitários!).

Pela hora do almoço procurámos um restaurante e penso que não poderíamos ter escolhido melhor, chama-se Old Hansa e é uma taverna desde 1400, tudo é medieval, desde a comida até à mobília e decoração. Os empregados estão vestidos como há 600 anos e falam connosco teatralizando. A refeição é cheia de coisas e sabores estranhos, desde a sopa de cogumelos (deliciosa!) até à cerveja de canela que faria sucesso em qualquer parte do mundo. A nota mais engraçada foi ter pedido um prato principal que referia “javali”, “veado” e “urso”, a pensar que iria ter um sortido de carnes “diferentes”, e ter acabado por receber um prato com 2 salsichas grelhadas, acompanhadas de 3 tipos diferentes de... “bagas”!. As “bagas” que os javalis comem, as “bagas” que os veados comem e as “bagas” que os ursos comem...(literalmente!)...

De resto a cidade é cheia de veia artística, montes de galerias e lojas com artigos que se vê que é artesanato puro, obras dos donos dos espaços, muito interessante.

Estava patente no porto uma exposição de barcos e navios abertos ao público para visita. Entrámos em alguns e confirmámos que ainda têm os espaços mais acanhados que a nossa AC! Mas é sempre interessante ver estas coisas.

O regresso proporcionou-nos um pôr-do-sol no Báltico fantástico e uma corrida com outro ferry que chegou a Helsínquia bem atrás de nós...

Total acumulado = 4043 km

9 de Maio

Helsínquia → Páltamo (610 km)

Acordámos com um Sol lindo e fomos tomar pequeno-almoço ao Old Market.

A meio da manhã seguimos para Norte! A paisagem finlandesa começou por nos decepcionar. Ao contrário do que esperávamos, toda a vegetação ainda estava mergulhada no Inverno. As árvores estavam nuas, a paisagem era muito “castanha”, os jardins das casas muito “cinzentos” e nem o colorido das suas paredes conseguia animar o nosso desapontamento. Com o passar dos quilómetros percebemos que quanto mais para norte..., mais Inverno! Aí começou um desfilar de situações e paisagens que foram uma surpresa, primeiro pequenas bolsas de neve na berma da estrada, depois acessos a casas completamente bloqueados, lagos gelados, carros soterrados... enfim! Aqui, e sem que tivéssemos prévia noção disso, ainda é Inverno em Maio!!!

Hoje precisávamos imperiosamente de mudar águas e como tinha acontecido na Suécia, a maioria dos parques de campismo estava fechado, começámos cedo a inspeccioná-los e os nossos receios confirmaram-se, então, num deles, fomos até à zona de despejo de águas e fizemos a descarga. Para recarregar pedimos numa área de serviço onde abastecemos de gasóleo e a senhora muito simpaticamente foi buscar uma mangueira e ligou-a numa torneira das traseiras da bomba. Para descarregar o WC tivemos de ir a uma casa de banho pública.

Com o aparecimento constante dos sinais de travessia de renas/alces, fomos sempre muito atentos para a possibilidade de avistarmos algum espécimen... como forma de promover a atenção, instituímos que o primeiro que avistasse uma rena ou alce teria direito a escolher a representante de peluche que nos acompanhará em todas as nossas próximas aventuras. Pois renas não vimos nenhumas mas em compensação as lebres são frequentes, com a sua pelagem ainda invernal, outras a mudar do branco para o castanho, mas todas com uns aleatórios bailados saltitantes.

Ao fim da tarde chegámos a Páltamo, onde ficámos num jardim público, junto ao lago Oulujarvi, onde durante a noite, e pela primeira vez nesta viagem a temperatura desceu abaixo de zero (-2,6ºC).

Total acumulado = 4653 km

10 de Maio

Páltamo → Rovaniemi (433 km)

Depois de um dia de chuva, hoje o dia amanheceu solarengo. Seguimos para Oulu, onde demos uma volta pela zona pedonal, bastante discreta mas muito agradável, junto à marina e a uma praia mínima, (bastariam dez famílias tipicamente portuguesas, com os respectivos acessórios balneares e a praia ficava cheia...), que por estas alturas estava cheia de gelo acumulado na margem.

Tomámos a direcção de Kemi, junto à fronteira com a Suécia, onde parámos para almoçar. Apenas nos chamou à atenção uma igreja/catedral toda cor-de-rosa... bonita/diferente!

Mais um dia em que nos deparámos com paisagens soberbas, lagos gelados, cenários de perder o fôlego!

Casa do Pai Natal

Casa do Pai Natal

Ao chegar a Rovaniemi fomos procurar a cidade do Pai Natal, começámos por apanhar um susto pois ao virar para o “Santa Park” vimos que este só abria a 23 de Junho... Mais à frente apareceu-nos a “Santa Claus Village”, esta sim, aberta todos os dias mas apenas até às 18 horas. A zona para as AC estava atolada em neve, logo... inacessível. Aproveitámos o sol do fim da tarde para tirar as fotografias da linha do Círculo Polar e das instalações do Pai Natal (Santa’s Office), com toda a calma pois éramos praticamente os únicos visitantes...

Junto à aldeia do Pai Natal existe um parque de renas onde, pelo menos, vimos os primeiros exemplares vivos, mas temos esperança de ainda encontrar algumas selvagens.

De volta Rovaniemi, passámos por um restaurante com bom aspecto, uma casinha lapónica toda amorosa, decidimos jantar e ficámos algo surpreendidos/decepcionados com a ementa, só tinha pizzas... e nós pensávamos comer algo lapão!!!, no entanto gostámos, o dono/empregado/cozinheiro era muito simpático e foi um jantar muito agradável. Depois na volta que demos pela cidade pudemos constatar que não encontrámos nenhum com melhor aspecto que este restaurante Oktetti.

Dirigimo-nos para o local que tínhamos escolhido para pernoitar e fomos presenteados com um pôr-do-sol tardio, espelhando nas águas da confluência dos rios Kemijoki e Ounasjoki , com uma infindável paleta de cores... esplêndido!!!

Total acumulado = 5086 km

11 de Maio

Rovaniemi → Sodankyla (148 km)

Às 10 horas (hora de abertura) estávamos no Arktikum. Este museu merece bem a visita pois retrata a cultura lapónica sobre diversos aspectos, os modos de vida dos povos do Árctico, numa visita que é um trajecto muito interessante, mostrando como a adversidade do clima da região, é contornada pelo engenho de um povo que soube adaptar-se e tirar o maior proveito dos recursos disponíveis.

À hora do almoço chegámos de novo à “Santa Claus Village”, como já tínhamos provado a carne de rena (aparentemente a base da gastronomia lapã) e não tínhamos adorado, resolvemos rendermo-nos ao “fast-food” num dos restaurantes da aldeia. (...sempre é mais acessível à bolsa lusa!).

Estivemos com o Pai Natal e tirámos a foto da ordem. Como o movimento de turistas era diminuto tivemos oportunidade de falar um bocado com ele e ver a sua surpresa quando dissemos de onde vínhamos e que íamos para o Cabo Norte. Ficámos um bocado preocupados quando nos alertou para o facto de ainda ser muito “cedo” para viajar pelas paragens mais a norte...

Comprámos o diploma de ter atravessado o Círculo Polar e fomos aos correios enviar alguns postais que serão recebidos por altura do Natal.

Escolhemos a nossa “alce” mascote, chamamos-lhe Napapiiri (=Círculo Polar em Sami) e já vai sentada no tablier da AC, com o seu cachecol vermelho e verde... muito nacionalista!

Pelas 17 horas, depois de termos atestado a AC com gasóleo e águas na estação de serviço, mesmo em frente à aldeia, partimos de novo para, 45 km a Norte, avistarmos a primeira Rena selvagem, na berma da estrada. Foi a euforia, voltamos atrás, tirámos fotografias e ficámos encantados com a beleza e a tranquilidade do animal perante a nossa presença!

Passados uns quilómetros, já só dizíamos, ...olha ali mais! Começaram a ser muito frequentes e era necessário prestar atenção, pois atravessam à frente da AC, de um lado para o outro da estrada sem qualquer preocupação...

Para além das renas vimos uma espécie de falcão todo branco, as omnipresentes lebres e uns gansos (...do árctico ??).

Acima do “Polar Circle” todos os lagos estão completamente gelados e o solo, por baixo da floresta de coníferas está coberto de neve. Não estávamos mesmo à espera de encontrar este cenário... é uma surpresa fabulosa. O único senão é o facto de todos os parques de campismo se encontrarem fechados, mesmo nas cidades...

Em plena Tundra, numa estrada completamente deserta, apareceu-nos uma faixa de vinil a dizer: “Internet Point – 500 mts” !?. Do meio do nada surge uma espécie de estação de serviço, que afinal era um restaurante chinês, (de chineses ?!?!?!) com uma “inevitável” loja de chinês... onde vendem tudo o que se possa imaginar, desde os parafusos sextavados, ao champô para a caspa passando pelas tomadas eléctricas, rolamentos de várias medidas e correias de alternador... enfim, indescritível. Jantámos comida chinesa no meio da Lapónia (!?) e acedemos ao nosso mail para colocar as notícias em dia.

Chegámos a Sodankyla e mais uma vez o parque de campismo encontrava-se encerrado, mas até se percebe, havia mais de meio metro de neve em todo o seu recinto!.. Ficámos a dormir num parque de estacionamento do lado esquerdo da entrada do parque, onde todos os carros ficam ligados, durante a noite a umas tomadas para, de manhã, terem bateria para o motor de arranque. É que durante todo o dia a temperatura nunca subiu além dos 4ºC !

Total acumulado = 5234 km

12 de Maio

Sodankyla → Skaidi (615 km)

Retomámos o nosso caminho, sempre para cima na rosa-dos-ventos. Passámos pelo camping de Iñari, do qual tínhamos a indicação de que era muito bonito, mas para além de ser ainda de manhã, estava coberto de neve e fechado... para variar...pelo que seguimos para o museu Sami, onde almoçamos sopa de ... rena!

Não visitámos o museu pois pareceu-nos muito semelhante ao Arktikum e ao Museu Polar (que queríamos visitar em Tromso).

Depois de almoço ao bordejármos o Lago Iñari, vimos um casal a dirigir-se para a sua superfície gelada com uma broca e respectivas canas de pesca na mão... Parámos e fui ter com eles, uns bons 50 metros para lá da margem, primeiro a medo e depois com mais confiança, pisando nas pegadas deixadas por eles. Tentei falar com eles mas não falavam absolutamente nenhuma língua (ocidentalmente) inteligível. Mas isto não quer dizer que não falassem comigo pois raramente se calavam, falando para mim como se eu os entendesse, e não valeu a pena mostrar que não apanhava uma única palavra do que diziam... Por gestos (!?) explicaram-me como fazer o buraco com a broca e pude constatar que tinha perto de meio metro de superfície gelada debaixo dos pés!

Ainda que não tenhamos pescado nenhum peixe, durante o tempo que lá estive, foi uma experiência enriquecedora, que deu para absorver o espírito da coisa, e para me sentir esmagado pela sensação de estar, de pé, em cima de um lago que é 4 vezes maior que a albufeira da barragem de Alqueva!...

Seguindo caminho, atravessámos a fronteira e parámos em Karasjok. Fomos ao Sami Park mas estava fechado, a única instalação aberta era a loja de “souvenirs”! Então fomos visitar o Parlamento Sami, que é um edifício muito interessante, todo em madeira, moderno e em que a sala de reuniões da assembleia recria uma tenda Sami gigantesca.

Eram cinco da tarde e como os dias já praticamente não têm fim (!), resolvemos seguir viagem para Hammerfest, assim “perdíamos” um dia à chegada ao Cabo Norte pois tínhamos a indicação que o Sol da Meia Noite só se iniciava a 17 de Maio, e resolvemos rumar a esta que é a cidade mais a Norte de todo o Mundo... mas é mesmo só isso..., definitivamente não vale o desvio. Pela primeira vez sentimos insegurança, e logo na Noruega! A cidade gira à volta do seu porto e não podemos dizer que tenha muito bom aspecto.

Encontrámos a área para AC’s que levávamos como referência (atrás do posto Shell, à entrada da cidade), mesmo em frente do mar e com vista para a cidade, muito bonito. Só que dava acesso a uns contentores a formar uma espécie de bairro social para tripulantes de cargueiros. E nós a única AC! Não estávamos “convencidos” e fomos até ao posto onde, o funcionário nos disse que poderíamos pernoitar e utilizar os serviços de descarga por um valor equivalente a 12 euros!, preços de 2004, pois a época ainda não tinha começado. Como estávamos de pé atrás com aquela cidade, resolvemos não pagar e fomos dar mais uma volta pela cidade a tentar encontrar outras AC’s. Quando arrancámos com a AC passámos pela zona de descargas de águas e percebemos que a dita zona tinha mais de 2 metros de neve acumulada, que não poderíamos mudar as águas e que, ainda por cima o sujeito da bomba nos ia "lixar" 12 euros, ficámos convencidos que aquela terra não queria mesmo nada connosco. Fizemos a vontade a Hammerfest e fomos embora.

Fomos dormir a uma zona de caravanas, onde estavam estacionadas, de forma permanente, mais de 20, a maior parte delas com avançados de madeira! Este parque fica junto a uma bomba da Statoil com descargas para AC’s, no cruzamento da estrada de Hammerfest/Alta/Cabo Norte.

Total acumulado = 5849 km

13 de Maio

Skaidi → Cabo Norte (158 km)

Depois da descarga de águas (única coisa que podíamos fazer pois a torneira da área estava congelada), partimos para a última etapa, em direcção ao Cabo Norte. Confesso que estava preocupado e desiludido com as condições atmosféricas. O céu era uma nuvem só! Com este tempo não haveria Sol, muito menos à meia-noite...

Rumando ao Cabo fomos apreciando a paisagem e continuámos a ver muitas renas, mesmo junto ao mar (Renas na praia!). Em Honningsvag atestamos de água numa máquina de 10 NOK (± 1 €) e fomos a um supermercado (1º na Noruega), onde compramos pão e salmão fumado e onde constatamos que os preços são realmente muito mais elevados que em Portugal (ex.: 1L de Coca-Cola=2,5 €; 1 Pão tipo caseiro= 3 €...).

O dia vai mostrando algumas abertas e a nossa esperança renasce. Chegamos ao Cabo Norte às 15 horas e 15 minutos, mesmo a tempo de entrar no Centro e ver um filme sobre as diferentes estações naquela latitude. Éramos os únicos na sala de projecção pois as instalações fecham às 16 horas (horário do Centro). A visualização do filme, bem como o acesso a todas as instalações está incluída nos cerca de 48 euros do bilhete (1AC +2pax), válido por 48 horas.

A partir da hora do fecho ficámos completamente sozinhos e aproveitámos para tirar umas fotos pois o céu estava limpo, a temperatura amena e nestas paragens o clima muda muito rapidamente, “não fosse o diabo tecê-las...”

Estacionámos a AC ao lado do Centro, no acesso à Esfera do Mundo, com a posição mais privilegiada que se pode esperar (só mesmo numa altura em que não está ali ninguém), e dediquei-me a algumas pequenas tarefas como colocar as marcas do nosso trajecto e o autocolante do Cabo Norte no mapa da traseira, e desentupir o lava-loiças que já há alguns dias não escoava bem (tinha quase “um quilo” de arroz no estrangulamento da entrada do depósito de águas sujas...).

Entretanto chegaram 2 motociclistas, como em tempos fui “motociclista praticante”, meti conversa com eles. Eram de Valência, Miguel e Rafael, que tinham saído de Espanha há uma semana e estavam radiantes (como nós!) de ali estar, e ainda por cima com o Sol a brilhar (coisa que ainda não tinham visto na sua viagem!). Tirámos umas fotos e brindámos junto da esfera com as motos deles e a minha scooter...

Os “nuestros hermanos” foram à procura de dormida em Skarsväg, com o sentido de sonho realizado, (Nota: A viagem ao Cabo Norte, para os motociclistas como para os autocaravanistas, é tida como que a “Viagem das Viagens”, sendo este local a “Meca” destes viajantes), não sem que o Rafael tenha ficado, no mínimo intrigado, com o “fenómeno” do Sol da Meia-Noite, para o qual não estava desperto.

Preparámos uma bela jardineira e da nossa mesa com vista para o Oceano Árctico, jantámos por volta das 22 horas, com um céu quase limpo, apenas com algumas nuvens a ameaçar esconder o Sol mais para o lado das zero horas.

Não tínhamos a certeza se o Sol iria “tocar o mar” no horizonte e fomos tirando fotos à medida que as cores iam ficando mais intensas. Devo ter feito mais de 100 fotografias por forma a apanhar todos os ângulos e tons daquele cenário magnífico.

À meia-noite brindámos ao Sol e ao Sol(!), com a Ginjinha de Óbidos e o Licor de Pessegueiro, (tal como tínhamos feito há 2 semanas e meia, no Cabo da Roca), desta vez com um pôr-do-sol que não o é, mas que faz perder a respiração!!!

Quando saí da AC, para mais umas fotos (a comprovar que o disco solar não chegou a tocar a linha do horizonte), reparei que estava ali a BMW do Rafael que tinha voltado para confirmar que o Sol não se punha. Durante o bocado que por ali andou e enquanto conversávamos, amiúde, olhava para o Sol e dizia “Pero, que no se puene?!”, ao que eu respondia: "pois não e já está em trajectória ascendente...".

Por volta das duas e meia da manhã, de novo sozinhos e depois de um pedaço a contemplar o silêncio e a magia daqueles momentos, resolvi mudar a AC de sítio para dormir, pois estava a levantar-se um vento forte e pensei em estacioná-la junto à parede do Centro. Como a minha mulher já estava deitada, tentei fazer a manobra o mais suave possível, só que o imponderável aconteceu. “Atasquei” a AC na neve... Nem para a frente, nem para trás... a minha companheira só dizia: “Anda dormir que tu estas afectado com isto do Sol... Amanhã alguém nos há-de ajudar!”.

Nada como ir à procura de uma pá (que havia na entrada do edifício) e desenterrar a AC às 3 da manhã debaixo de um Sol magnífico, mesmo no Cabo Norte... irrepetível. Com um bocado de trabalho lá saiu. E depois de bem estacionada pude dormir descansado.

Total acumulado = 6007 km

14 de Maio

Cabo Norte → Alta (158 km)

Durante toda a “noite”, sentimos o vento forte. A AC abanava de tal forma, que parecia estarmos a dormir num barco... Acordámos às 10 horas, o céu era uma nuvem só, cinzento... Agradecemos mais uma vez a sorte que tivemos na véspera e desatamo-nos a rir. Saí para mudar a botija de gás que tinha acabado e não é que começa a nevar!? Quando bati na janela, a minha mulher não podia acreditar! Conseguimos viver no Cabo Norte quase todas as condições “atmosféricas”, ficou a faltar a aurora boreal, mas nesta altura do ano, nem com toda a sorte... Estamos realmente felizes!

Ao meio-dia o Centro abre e decidimos esperar para ir lá tomar o pequeno-almoço/almoço. Os souvenirs são caríssimos pelo que só compramos uns postais e o diploma que comprova a nossa estada nestas paragens tão longínquas.

Arrancámos, agora já a descer (depois de 6.000 km a “subir” é uma sensação estranha!) e após a travessia do túnel de “Honningvag” com os seus seis mil metros debaixo do mar, começou a nevar... foram cerca de duzentos quilómetros sempre a nevar e por vezes com muita intensidade. A caminho de “Alta” atravessamos uma zona montanhosa onde os noruegueses têm as suas casas de montanha, às quais não chegam de carro pois o limpa-neve desimpede apenas a estrada principal. Isso não os desmotiva, deixam o carro estacionado na berma e lá vão passar o fim-de-semana no maior isolamento.

A chegada a “Alta” revelou uma cidade pouco interessante, muito dispersa, sem um centro definido. Depois da volta do costume, parqueamos numa zona comercial onde já estava uma AC italiana e ali pernoitámos (N 69° 57.66', E 23° 13.93'). Ainda que não tenha “feito noite”, estava bastante escuro e continuou a nevar. Fomos acordados a meio do sono por um norueguês com uns copos a mais que fez questão de assinalar a sua passagem com uns gritos e uma palmada na AC (não reagimos e ele foi à sua vida... às vezes é melhor assim!).

Total acumulado = 6271 km

15 de Maio

Alta → Tromso (340 km)

Queríamos sair cedo, mas adormecemos... afinal estamos de férias!

Enquanto preparávamos o pequeno-almoço, os italianos aproximaram-se e saímos para conversar com eles. Eram muito simpáticos e ficámos com a sensação de que se fossemos para o Cabo Norte em vez de estarmos a voltar de lá, iríamos todos juntos! Acabámos por só sair às 11 horas.

Depois de atravessarmos a ponte, à entrada de Sorstraumen, junto a uma área que tínhamos referenciada, parámos para despejar a cassete e encher águas. Estava lá uma AC francesa com um casal que tinha ido à pesca... Decidi tentar a minha sorte, eles já estavam de saída e não tinham apanhado nada. Foram muito simpáticos, mostraram algumas fotos das suas pescarias norueguesas e indicaram-nos os melhores “spots”. Não foi nesta primeira tentativa que consegui apanhar peixe mas fomos visitados por um cão que nos fez lembrar o nosso. Ainda que sendo um “bóbí” nórdico, entendia perfeitamente as três palavras do vocabulário do nosso “Montanha”, o “senta”, “deita” e o “dá a pata”... “inteligentíssimo”!

Em Olderdalen, às cinco da tarde, tomámos o primeiro ferry de ligação curta, para às 18 horas já estarmos a apanhar o 2.º em Svensby. Chegámos a Tromso, percorremos tudo e não encontrámos uma única AC, nem uma área própria, apenas uma máquina para descargas (na estrada à chegada à cidade). Voltamos para estacionar junto à máquina e passado um pouco já estava outra AC estacionada ao nosso lado! (N 69° 38.09', E 18° 57.63').

Mais uma vez o vento soprava muito forte, parecia que estávamos num barco. Foi noite de cinema no nosso AC/DVD-system!.

Total acumulado = 6611 km

16 de Maio

Tromso → Risoyhamn (429 km)

Acordámos e fomos comprar pão para o pequeno-almoço (1 pão = ± 3€!). Às 11 horas (hora de abertura) estávamos no Museu Polar (www.polarmuset.no). Este museu retrata as expedições aos pólos, sobretudo do mais famoso explorador norueguês - Roal Amundsem. Bastante interessante!

Depois fomos ao Centro Lúdico Polaria onde vimos tanques com as espécies de peixes que se encontram nos mares da Noruega e assistimos a um show de focas. No auditório passou um filme a três dimensões sobre as ilhas Svalbard e outro sobre a Antártida! (é um bocado longe... talvez os Argentinos passem um filme sobre o Ártico!!).

Como hoje é feriado na Noruega (2ªFeira de Pentecostes), não se paga o estacionamento, deixámos a AC no parque e fomos a pé para o centro, uma zona pietonal. Tal como todas as cidades da Escandinávia, tem lojas com artigos muito interessantes, mas com preços inacessíveis. Almoçámos na famosa cadeia Peppes Pizza. Por 2 pizzas médias e 2 colas pagámos mais de 10 “contos”!!! Não se justifica.

Arrancámos rumo às Vesteralen, que são, tal como as Lofoten, um conjunto de ilhas e penínsulas, encostadas à Noruega continental.

Assim que saímos da E6 e E10, e entrámos na estrada das Vesteralen, a paisagem melhora significativamente. Parámos numa área de repouso e informação, com uma vista simplesmente soberba. Quis continuar a andar, até porque os dias nunca mais têm fim... O passeio “nocturno” (com o sol a meia haste!) vale muito a pena, pois a cada curva a paisagem muda, alterna entre os prados verdejantes e as encostas cobertas de neve, com os tons das águas mudando com a incidência dos raios do Sol!

Quando já nem eu percebia porque é que continuávamos a andar, (há horas que a minha co-piloto tinha desistido de apresentar hipóteses de pernoita), surgiu a explicação para todo esta jornada tardia... 3 alces na berma da estrada! Loucura total! Quando avistamos a primeira rena foi um momento engraçado, mas estes alces batem tudo... São muito, muito maiores, engraçados, desengonçados e tímidos. Conseguimos umas fotos, tipo as que existem do monstro de Loch Ness!!! (desfocado ao ponto de poder ser qualquer coisa!), mas valeu mesmo a pena, mais uma vez percebemos depois, porque não parámos mais cedo... foi a “Mão Reguladora” a funcionar ao seu melhor!

Pernoitámos no estacionamento de um restaurante (N 68° 58.14', E 15° 37.61'), à entrada de Risoyhamn com a simpática autorização do dono e tivemos uma noite calma.

Total acumulado = 7040 km

17 de Maio

Risoyhamn → Vestpollen (Ilhas Lofoten) (225 km)

O dia amanheceu lindo, com um sol fantástico e consequente cor das águas igualmente fabulosa! Com toda a calma saboreamos o pequeno-almoço, ainda com a visão dos alces da noite passada a dominar a conversa matinal. Agora sim! Pudemos colar os autocolantes dos alces na nossa AC! Com total propriedade, colámos os 3 alces (correspondentes aos três avistados) e sentimos a satisfação de mais um objectivo cumprido. (Nota: desde que entrámos na Suécia, há 4.000 km atrás, avistámos muitas dezenas de sinais alertando para a possibilidade de atravessamento de alces e já estávamos a achar que não iríamos conseguir ver nenhum...).

Fomos tomar um expresso ao restaurante, como não havia, resolvemos tomar um chocolate quente a 2,5 € cada! O local estava todo enfeitado para um almoço de comemoração do “Dia da Constituição”.

Circundámos toda a “ilha”. Fomos até Andesnes, que é o extremo norte, por uma estrada e voltámos por outra. Passámos por praias de areia branca e mar de tom verde completamente transparente (não fora o frio, até apetecia tomar banho!), fizemos questão de 'molhar os pés' nestas praias que apontam para o Árctico.

Muitas casas estavam enfeitadas, todas tinham a bandeira norueguesa nos respectivos mastros (Nota: se em Portugal existe a triste ideia de colocar painéis de azulejos na fachada da casa, os noruegueses colocam mastros! Cada povo com a sua forma de mostrar aos alienígenas a sua tara). Quando entramos na cidade de Andesnes, tivemos de encostar para deixar passar um cortejo, com banda e todos vestidos a rigor, com bandeiras na mão ou rosetas ao peito. Muito giro!

Depois de uma visita rápida, 'descemos' pelo lado continental das Vesteralen e, em Melbu, tomámos o ferry para Fiskebøl, já nas Lofoten e onde existe um posto Shell desactivado, mas com a área de mudanças de AC em funcionamento. Mesmo a calhar!

Acabados de chegar às famosas Lofoten, não precisámos de mais de 15 minutos para encontrar a área de repouso “Anstesfjorden” que fica num promontório, com vista para o fiorde, e é um local perfeito para pernoitar (N 68° 18.95', E 14° 42.87'). Eram 17h30 quando estacionámos e já não nos apeteceu voltar a arrancar. Fizemos um jantarinho bom (=bifinhos de frango c/ cogumelos e gelado de bolacha!!) e deitámo-nos cedo pois fazia muito vento. Às 2 da manhã acordámos. O vento tinha amainado, ou seja, tinha desaparecido. Abrimos a janela e não soprava uma brisa! A calma, o silêncio, a beleza do fiorde e da montanha, a luz ténue eram tais, que achámos que o tempo tinha parado! É inexplicável. Estes momentos ficam para sempre gravados no “disco rígido” da nossa memória. (É nestas alturas, por estes instantes, que nós achamos que vale a pena o investimento duma viagem destas).

Total acumulado = 7265 km

18 de Maio

Vestpollen → Svolvaer (Ilhas Lofoten) (323 km)

Logo de manhã fui à pesca. Ainda não foi desta que consegui estrear-me. Limitei-me a apanhar frio e a perder um “palhacinho”.

Hoje percorremos todas as Lofoten. Fomos até Ä, a povoação mais a Sul. Passámos por Henningsvaer, e para tal fizemos um desvio que vale a pena pela paisagem e quantidade de pontes que temos de passar. (Nota: Permitam-me que faça aqui referência ao facto de a maior parte das pontes na Noruega serem bastante altas (por forma a permitir a passagem de navios por baixo), e apenas de uma faixa para cada sentido do trânsito. Aqui nas Lofoten muitas delas apenas tem uma faixa que alterna os sentidos através de semáforos. Ao contrário de Portugal, a Noruega não esbanja dinheiro em “grandes obras de engenharia”, as suas estradas são estreitas mas com bom piso. Apenas o básico mas funcional. É um desconsolo viver num país, incomparavelmente mais pobre em termos económicos, e que no entanto se subjuga aos “lobby’s” do betão permitindo um proliferar de vias megalómanas que não servem mais que os interesses das grandes construtoras. Querem um exemplo: façam o troço da A8 entre Caldas da Rainha e Leiria e contem com os dedos de uma mão as viaturas que se cruzam convosco, nas suas 6 (seis) faixas de rodagem... não estará esta via desproporcionada?... era mesmo necessário expropriar tantos terrenos das várzeas de Caldas da Rainha, Alcobaça, Marinha Grande,...?).

A paragem seguinte foi em Borg, onde decidimos almoçar. Estava com vontade de experimentar o peixe das Lofoten, mas não encontrámos nenhum restaurante pelo que fomos ao supermercado comprar salmão e camarões lá da terra e almoçámos estacionados junto ao museu Viking que visitámos à tarde. Como quase tudo, estava a “meio gás”, com zonas fechadas, no entanto vale a pena, para conhecer como era a vida dos Viking e as suas actividades do dia a dia. Saímos do edifício principal e descendo a colina, fomos por um caminho de 1,5 km, até ao barco que se encontra no fiorde. Dá que pensar como eles se aventuravam no Mar do Norte com umas embarcações tão rudimentares, estão, literalmente a alguns séculos das Caravelas Portuguesas. Muitas zonas estão vedadas (ferreiro, casa agrícola, estábulos) no entanto o bilhete é pago por inteiro!

Depois de percorrermos a pé as ruas de Ä, voltamos a Svolvaer para pernoitar no parque de estacionamento, junto ao embarcadouro do ferry (N 68° 14.12', E 14° 33.20'), pois se falhássemos o ferry das 8:45h, só poderíamos embarcar no das 15:45h!!!

Total acumulado = 7588 km

19 de Maio

Svolvaer → Saltstraumen (323 km)

Ontem à noite interpretámos mal os placard´s e achámos que teríamos um barco às 06:45h. Às 6:30h fomos para a fila 2 porque na fila 1 estava um TIR com ar de quem não tinha acordado. Afinal o ferry que estava já com a “boca aberta” ia fazer uma ligação a uma ilha ali perto e voltava para a travessia para o continente às 8:45h! Voltámos a ligar o despertador e à hora marcada lá voltou o mesmo ferry. Como estávamos na fila 2 o cobrador aproximou-se por trás e apercebeu-se da scooter. Pela primeira vez tivemos de pagar por 7 metros... O preço dobra!!! Mais de 70 euros!

A viagem dura 2 horas e tal como nos tinham avisado, o barco abana mais que o costume. Ainda assim não o suficiente para enjoar. Felizmente!

Desembarcámos em Skutvik em direcção a Fauske. Alguns quilómetros depois de entrar na E6, à chegada a Innhavet, encontrámos um posto Shell com máquina de abastecimento para Ac’s. Abastecemos de água e gasóleo e ficámos prontos para continuar.

O nosso destino era o famoso “Straumen”, local de correntes fortíssimas e supostamente de grandes pescarias... seria desta?! Só tínhamos a indicação que era antes de Bodø, um pouco antes de Fauske apareceu-nos um “Straumen” e pensámos que seria aquele. Demos a volta à povoação toda e nada de grande corrente... apenas uma pequena ponte com um rio nada de especial. Quando a desilusão se estava a apoderar de nós, decidimos olhar com atenção para o mapa e reparámos que existe outro “Straumen”, depois de Fauske, esse sim o verdadeiro, o Saltstraumen - Não pudemos deixar de rir de nós próprios!

Quando chegámos, éramos a única AC. Acertámos com a hora da corrente mais forte e ficámos admirados com a velocidade com que a água atravessa aquela zona estrangulada (150 metros de largo por 31 metros de profundidade), criando inúmeros remoinhos impressionantes. Trata-se do maior remoinho do mundo!!! 370.000.000 (trezentos e setenta milhões!) de metros cúbicos de água atravessam aquele estreito a cada 6 horas, criando a maior corrente do planeta.

Embora não percebesse porquê, este era um dos pontos que os companheiros franceses nos tinham indicado como óptimo para a pesca e mesmo não estando ninguém à pesca na margem, resolvi tentar a minha sorte e à terceira foi de vez... As correntes trazem grandes quantidades de alimento e os peixes concentram-se nesta zona para se alimentar. Como estava na hora da corrente mais forte foi só mandar o palhacinho para dentro de água que apanhei logo um peixe com mais de meio quilo!!! Passada meia hora já tinha 4 peixes, num total de 2,7 Kg... Nada mal, para um estreante!!! Um casal de uma AC alemã que entretanto chegou, incentivado por tamanha pescaria, também tentou a sua sorte e teve sucesso.

A sorte foi “sol de pouca dura” pois, o meu “palhacinho maravilha”, foi levado por um peixe que, ao fim de 3 puxões, em que quase me partia a cana, partiu o fio e levou tudo com ele!!! Este era grande de mais para mim...

Acabada a pescaria, grelhámos o peixe, que pertence à família do bacalhau e que acompanhado com umas batatas portuguesas, deu um óptimo jantar, tendo ainda congelado 2 para oferecer aos nossos pais no regresso.

Pernoitámos ali mesmo, no parque de estacionamento do Saltstraumen (N 67° 13.94', E 14° 36.96'), onde também ficou outra AC que entretanto chegou.

Total acumulado = 7832 km

20 de Maio

Saltstraumen → Mo i Rana (276 km)

Logo de manhã fui comprar pão ao supermercado do Parque de Campismo que há ali perto e aproveitei para comprar mais 2 palhacinhos, com os quais não tive sucesso nenhum!

Fomos visitar o Saltstraumen Opplevelsesenter, onde, entre outros motivos de interesse, mostram um filme sobre o “Straumen”. Antes de almoço partimos para Bodø onde almoçámos. É mais uma cidade sem nada de especial. Seguimos viagem em direcção a Mo i Rana.

Parámos no Centro do Círculo Polar Árctico. É um local muito bonito! É completamente isolado, num planalto depois de percorrer uma estrada de montanha. Uma montanha de cumes arredondados, com declives muito suaves e sem vegetação, está tudo coberto com mais de um metro de neve. Parecia artificial de tão perfeito! Lindo! É o sítio ideal para se sentir que se está a entrar na terra do Sol da Meia-noite (quem vai para Norte, claro). Para nós funcionou como despedida daquelas terras magníficas e dos dias sem fim! Comprámos o diploma, tirámos fotografias e fomos presenteados por um sol radiante que melhorou ainda mais a paisagem.

Chegámos a Mo i Rana e fomos visitar a cidade a pé. É uma cidade pequena, com um zona peatonal (como todas) e uns bairros residenciais junto ao molhe com muito bom aspecto. Sem nos fascinar, é a mais interessante que vimos até agora.

Perto da meia-noite tive de pegar no volante e mudar de local de pernoita. Estávamos estacionados numa avenida perto do centro, da estação e junto à água, sítio perfeito..., não fosse 6ª-feira e andassem todos os fanáticos do “Tuning” a acelerar as suas motos e carros na avenida marginal... Fiz cerca de 5 km e pernoitámos no parque de estacionamento de uma zona residencial dos arredores.

Total acumulado = 8108 km

21 de Maio

Mo i Rana → Trondheim (493 km)

Hoje foi o dia todo a andar. Quase sempre junto a um rio de montanha, com algumas quedas de água impressionantes. Segundo nos explicaram, este Inverno foi muito rigoroso, tendo nevado mais que o normal pelo que o desgelo aumentou os cursos de água, tornando os rios tormentosos e de grande espectacularidade.

Visitámos MosJoen, onde calcorreamos todo o centro, incluindo a Sjogata – rua de casas de madeira muito antigas e bem preservada que são a atracção principal da cidade. Corre junto à cidade o rio Svenningelva que é, segundo eles o melhor rio norueguês para a pesca de truta.

Seguimos viagem até Trondheim, que ao atravessar, à chegada, nos parece uma cidade muito bonita. Trata-se de uma cidade mais cosmopolita, mais dentro do nosso conceito de cidade! Estacionámos na frente da Catedral “Nidarus Domkirke” (N 63° 25.67', E 10° 23.91'). Como é fim-de-semana o estacionamento é gratuito.

Fomos dar uma volta a pé pela cidade e gostámos muito. Esplanadas por todo o lado, bairros habitacionais de edifícios modernos, sempre com muitas superfícies vidradas, marinas com pontes modernas... Junto aos canais, na parte mais antiga, casas em madeira, de muitos cores. Adorámos!

Total acumulado = 8601 km

22 de Maio

Trondheim → Bergøysund (165 km)

Logo de manhã fomos dar mais um grande passeio a pé pela cidade. O mercado de peixe estava fechado... mas também não parece ser nada de especial.

Fomos visitar a Catedral, percorremos os jardins do arcebispado e tirámos muitas fotografias. Esta é até agora a mais bonita cidade da Noruega, muito simpática e à qual pretendemos voltar.

Depois do almoço rumámos a Halsa. Fizemos as mudanças de águas numa área para AC, em Salvoya e apanhámos o ferry para atravessar o “Halsafjorden”. Depois de desembarcar, seguimos a E39 durante 15 quilómetros, até chegar à ponte flutuante que procurávamos por ter sido um dos locais que o casal francês nos tinha indicado como óptimo para pernoitar e pescar... Atravessámos a ponte e reparámos que estavam 2 AC na área de repouso (N 62° 59.38', E 7° 52.97'). Voltámos para trás pois ficámos certos que era ali mesmo e ao entrar na área, quem é que estava sentada nas mesas de merenda, já de braços no ar a dizer adeus? A Sra. Francesa! Que coincidência! Estacionámos e fomos cumprimentar o casal que encontrámos, faz hoje 8 dias, lá bem mais a norte!!!

A outra AC era de um casal suíço muito simpático. Peguei na cana de pesca e fomos todos para cima da ponte pescar... voltei a ter sorte e apercebi-me de que estes simpáticos franceses são mesmo fanáticos pela pesca, (sobretudo ela!) pois enquanto ele só se dedica aos peixes maiores (elementos com mais de 20 kg, que percorrem o fundo do fiorde a 300 mts de profundidade, e para os quais não usa cana de pesca normal, mas sim uma corda (?) de nylon atada ao corrimão da ponte!!!, já ela pesca “cá por cima” como eu, mas com muito mais sucesso.

O nosso jantar voltou a ser peixe fresquíssimo grelhado e como era o último jogo da Superliga apontei a parabólica para o chão (nestas latitudes as parabólicas apontam literalmente para baixo para receber sinal), e vimos o jogo do Porto em directo e os festejos do Benfica a ser campeão! (futebolisticamente falando, éramos um casal em que metade estava contente e metade estava triste...

Total acumulado = 8766 km

23 de Maio

Bergøysund → Sjoholt (259 km)

A manhã foi muito calma, depois do pequeno-almoço, “dediquei-me à pesca”, a minha mulher ficou a ler. Como não pesquei nada resolvemos ir almoçar a Kristiansund e voltar mais tarde. A cidade não nos encantou e resolvemos almoçar numa pizzaria (!) de um turco simpático e bem disposto. Kristiansund sem ser uma cidade nada de especial, é servida por um conjunto de obras de engenharia que lhe permitiram estar independente dos ferry’s. Trata-se da maior ponte flutuante do mundo, a “Bergøysund brua” (onde pernoitámos), o Freyfjord tunnelen, com 5 km debaixo do mar e a "Gjemnessund brua", que é a maior ponte suspensa da Noruega.

Voltámos à ponte “Bergøysund”, para nos despedirmos dos nossos companheiros franceses e deixámos-lhes uma garrafa de vinho alentejano como agradecimento da sua simpatia. Ficámos a saber que são donos de um hotel de montanha, numa estância de ski dos Alpes Franceses e prometemos uma visita.

Seguimos para Molde, que se revelou uma cidade muito bonita, agradável para passear com uma vista soberba sobre a linha de costa. Tomámos o ferry para Vestnes, em direcção a Alesund, onde chegámos por volta das 18 horas. Lá fomos até ao parque de AC (140 NOK/24h) onde fizemos as mudanças de águas. Estava completamente vazio, decidimos não pagar nem deixar ali a AC e estacionamos no parque do Lidl para visitar a pé a cidade.

Alesund é a “capital do bacalhau”, é a cidade norueguesa com maior tradição nesta pesca e muitas montras encontram-se decoradas com antigas caixas de conserva e inúmeros utensílios de pesca antigos. É uma cidade pequena mas muito bonita, com canais e edifícios bem conservados com as caves “dentro de água” e muitos barcos. Voltamos ao parque de AC’s para jantar e resolvi tentar pescar ali mesmo, na beira do parque. E não é que consegui logo um peixe!? Só que era pequeno (entenda-se menos de meio quilo...) e devolvi-o ao mar. Passado um pouco houve um que era grande demais, ...partiu-me o fio e fiquei sem nada, levou-me os últimos palhacinhos...acabou aqui a pesca desta viagem!

O Sol baixou no horizonte, subimos a um miradouro de onde se vê toda a cidade e o mar em volta. As cores do fim de tarde ficaram intensas e a vista de cá de cima é simplesmente soberba. Mais um pôr-do-sol de tirar a respiração!

Retomámos o nosso caminho em direcção a Andalsnes e optámos por dormir numa marina (N 62° 28.75', E 6° 48.78') junto a Sjoholt. É mais um daqueles recantos no fim do fiorde, em que, da janela da AC se tem uma paisagem deslumbrante (como a minha mulher escreveu no diário de bordo: ”do local de onde nos encontramos, vemos montanhas com cumes cobertos de neve a entrarem a pique num mar que ao longe se mistura na neblina, ...aqui perto é um espelho de água que reflecte os montes em diferentes tons de verde e do lado direito, um carreiro de luzes que se espelham como riscos a furar o fiorde... e nós aqui... a felicidade existe e é tão simples!...”).

Total acumulado = 9025 km

24 de Maio

Sjoholt → Loen (314 km)

Durante a noite choveu, mas o dia amanheceu com sol. Depois do pequeno almoço e de um passeio pelo pequeno molhe, onde demos pão às gaivotas, partimos em direcção à estrada dos “Trolls”.

Já nos tinham dito que estava fechada e que só abria em Junho, mas achámos que seria por causa das neves e que provavelmente já a teriam aberto... Fomos até onde pudemos... começámos a subida mas após o primeiro conjunto de curvas, percebemos que o problema não eram as neves, mas sim derrocadas de enormes blocos de pedra, provocadas pelo desgelo das enormes quantidades de neve que este inverno caiu na Noruega e que danificaram o piso, criando autênticas crateras. Fomos obrigados a voltar para trás na zona onde tem um largo, a estrada estava mesmo cortada. Bastante triste por não poder subir este troço de estrada tão interessante, não resisti a fazer uma caminhada, estrada a cima, para poder tirar uma fotos deste vale tão escarpado e de um troço de estrada que pela dureza do relevo e das condições climatéricas demorou 8 anos a construir e que pelo seu percurso sinuoso e medonho se acredita “assombrado” pelos “Trolls”.

Feito o desvio de 100 km, apontámos ao nosso ponto de interesse. O “Geiranger Fjord”. Diz-se deste fiorde que é o mais belo de todos e posso garantir que é ...avassalador. A estrada que desce até Geiranger é muito estreita e sinuosa e vai deixando descobrir os tons verde esmeralda da água límpida, as escarpas cheias de cascatas e os enormes transatlânticos fundeados como se fossem de brinquedos!

Aí apanhámos um ferry e fizemos um cruzeiro de uma hora no “mais belo dos fiordes”, em direcção a Hellesylt onde desembarcámos para seguir em direcção a Loen.

Chegámos a Loen à hora de fazer o jantar e estacionámos na marina (local onde era possível estacionar mas proibido pernoitar). Ainda que achássemos que ninguém nos viesse incomodar por ficar ali, não quisemos infringir a lei e pernoitamos no parque de estacionamento de um pequeno supermercado,... a 200 mts dali (N 61° 52.31', E 6° 50.84'E).

(Nota: Hoje, pela primeira vez e ao contrário do costume, fomos nós a ser abordados por um casal autocaravanista holandês. Eram muito simpáticos, trocámos muitas impressões sobre esta viagem e ficámos a saber que se “recusam” a fazer mais de duzentos quilómetros por dia..., estão reformados e têm todo o tempo do mundo!)

Total acumulado = 9339 km

25 de Maio

Loen → Sande (189 km)

Logo às 9 horas, fomos ao “Joker” que é o supermercado que nos acolheu esta noite e depois voltámos à marina para tomar o pequeno almoço. Saímos em direcção a Olden para depois tomar a estada que nos leva até Briksdal onde iremos visitar o maior glaciar da Europa – o Jostedalsbreen.

Deixamos a AC no parque do posto de turismo e iniciamos a subida, a pé, por um vale que é um cenário idílico. Muito verde, com regatos e ribeiros, cascatas impressionantes e... centenas dos omnipresentes japoneses, que ao contrário de nós, sobem em comboínhos de aluguer.

Fomos parando para tirar fotografias e descansar um pouco. Pelo caminho há uma enorme cascata, alimentada pelo glaciar, e que o nosso percurso propositadamente atravessa. Após uma hora e picos de caminhada, estamos na ponta do glaciar. É impressionante pela dimensão, sentimo-nos ínfimos! A visão que temos é de uma descomunal massa de gelo, com cavidades de um tom azul ...límpido!, com grutas de onde correm pequenas correntes de água... gelada!, a partir de um gelo formado no último período glaciar!!!

Depois da descida e da inevitável passagem pela “loja dos recuerdos”, fizemos parte do caminho (de volta até Olden) outra vez, mas não cansa, pois é uma paisagem de sonho. O impressionante verde da água é uma constante, os prados salpicados de flores amarelas, com cavalos e ovelhas, nas encostas, florestas densas e os cumes ainda cobertos de neve.

Como esta caminhada nos deixou cansados (mas satisfeitos), resolvemos almoçar numa esplanada ao Sol que soube a mil maravilhas e presenteá-mo-nos com 2 horas de descanso à borda de água, de forma que já passava das 18 horas quando arrancámos em direcção a Bergen.

Acabámos por pernoitar em Sande, cerca de 20 km depois de Forde, num parque de estacionamento (N 61° 19.57', E 5° 47.74'), na margem do rio Gaula (que leva uma corrente fortíssima), e assim, embalados pelo som das águas tivemos uma noite descansada.

Total acumulado = 9528 km

26 de Maio

Sande → Bergen (153 km)

Durante a noite começou a chover e o dia amanheceu muito cinzento com aguaceiros fortes. Arrancámos em direcção a Lavik, onde apanhámos um ferry para Oppedal. Seguimos rumo a Bergen e estacionámos na área de AC’s à entrada da cidade (N 60° 24.45', E 5° 19.33'). Descansámos um pouco, retirámos a nossa “fiel escooteira” e lá fomos para o centro da cidade.

Estacionámos a scooter junto à Bryggen, a zona antiga, das casinhas de madeira, e fomos passear a pé por esta cidade bem gira e simpática, que nos pareceu muito “britânica”, (não estivesse ela de frente e com ligações constantes a Newcastle). Jantámos no restaurante “Bryggeloftetal Stuene” que é típico, a comida muito boa (mais uma oportunidade para experimentar novos sabores: baleia de entrada e alce de prato principal). Gostámos e... gastámos muito, mais de 100 euros num jantar para 2!

Fomos dar mais uma volta a pé e percebemos que havia muitas actividades de rua e muita animação nocturna. No regresso metemo-nos num túnel e fomos parar ao outro lado da cidade, tendo tido alguma dificuldade para regressar pelo caminho certo... mais uns quilómetros de scooter à senhora da asneira e lá chegámos a “casa”!

Total acumulado = 9681 km

27 de Maio

Bergen → Seljestad (223 km)

Acordámos com chuva, mas quando saímos já não pingava. Esteve bom tempo e, largando a scooter no mesmo sítio de ontem, pudemos passear por Bergen sem nos molharmos! (aqui chove 275 dias por ano!).

Subimos no funicular Fløybanen, até ao miradouro de Floyen, a 320 metros de altitude e com uma vista privilegiada sobre toda a cidade. Quando descemos fomos almoçar ao “Fisk Torget” – mercado do peixe, onde comi uma sandocha de caranguejo e 1/2 Kg de camarões semi-crus que me souberam que nem... camarões semi-crus!

Fomos ainda visitar a “Rosenkrantz Tarnet” que é a torre de vigia da cidade. Construída na idade média e que decepciona pela absoluta ausência de mobiliário ou equipamento. Uma torre com aposentos reais, da guarda, calabouços, etc., mas que só tem mesmo as divisões... mais nada! Valeu pela vista sobre o mar e sobre a cidade.

No final da tarde abastecemos de águas e gasolina e partimos em direcção a Oslo. Primeiro pela E16 até Voss e depois pela 13 (com um ferry entre Bruravick e Brimnes) até Odda. Pareceu-nos uma cidade simpática e parámos num parque de estacionamento com intenção de aí pernoitar. Mas, mais uma vez, é Sexta-feira e ainda não tinha caído a noite já estavam a chegar os moços do “Tuning”, carro, motos e muito movimento não auguravam uma noite descansada! Então seguimos caminho e adorámos aquele troço de estrada que embora estivesse a anoitecer nos deixou ver uma queda de água com 165 metros de altura! Parámos às 22 horas, para dormir, antes de Seljestad, num decampado à beira da estrada, porque já lá estavam 2 AC´s (N 59° 53.19', E 6° 39.39').

Total acumulado = 9904 km

28 de Maio

Seljestad → Oslo (328 km)

Esta noite a temperatura voltou a baixar dos 0ºC. Esta zona onde pernoitámos fica em altitude e têm algumas infra-estruturas de esqui aqui perto (a julgar pela diversa sinalização de meios mecânicos que existe na berma da estrada).

Estamos na zona de Telemark, onde foi “inventado” o esqui moderno, pelo que fizemos uma breve visita ao museu de Morgedal, de tributo a este desporto e de onde saíram diversas tochas olímpicas para os respectivos Jogos Olímpicos de Inverno.

Mais à frente, em Heddal, fizemos nova paragem para apreciar a maior igreja de madeira da Noruega e ficamos muito impressionados com o seu tamanho. São realmente monumentos de grande beleza e complexidade construtiva que demonstram o domínio destes povos na utilização da madeira como matéria prima. Ia haver um casamento pelo que estavam muitas pessoas com os trajes tradicionais (iguais aos que vimos no feriado de 17 de Maio – dia da Noruega).

Seguimos o nosso caminho e a poucos quilómetros da igreja, em Kongsberg, não me apercebi de uma lomba na estrada. A AC mandou um salto e um estrondo que achámos que se ia partir ao meio! Não rachou ao meio mas quando liguei a câmara de marcha-atrás reparei que a scooter não estava na posição “normal”... Tinha-se partido um parafuso de um dos apoios principais do suporte (que agarra ao chassis, junto das molas da suspensão da AC), o suporte “desceu” cerca de 5 cm e balançava muito (sinal que não estava bem preso e que só poderia ficar pior)!

Parei e depois de perceber o que tinha acontecido, estacionámos num pequeno parque na berma da estrada, retirei a scooter, elevei a AC com a ajuda das rampas niveladoras, e ali mesmo, troquei uns parafusos de um apoio que não têm a importância estrutural do que se partiu e consegui resolver a “avaria”. Percebi naquele momento a vantagem de ter idealizado e acompanhado o processo de execução e montagem deste acessório... senão nem saberia por onde lhe pegar.

Uma hora e meia depois, estávamos a rolar novamente (apenas com uma estaladela no pára-choques traseiro) e contentes por se ter resolvido a questão. Sem mais percalços e com a scooter bem fixa lá atrás, chegámos a Oslo. Estacionámos na área de AC’s da marina, à entrada da cidade e em duas rodas, fomos para o centro.

Como não vimos o posto de turismo, fui a um Rica Hotel (há pelo menos um em cada cidade noreguesa!) e arranjei uma planta da cidade. Já eram horas de jantar e optámos pelo nosso conhecido Peppes Pizza (8 contos!) que para restaurante até já achámos barato!!!

Demos mais umas voltas pelo centro e resolvemos regressar à AC. Só que existem (n) marinas e (n+1) maneiras diferentes de lhes chegar... perdemos quase uma hora, às voltas na scooter, até encontrarmos a entrada da nossa! Enfim quando entrámos na AC, tivemos mesmo a sensação de “Lar, doce lar!”. Este foi um dia agitado!

Total acumulado = 10232 km

29 de Maio

Oslo → Dingle (216 km)

Acabámos por preguiçar como de costume e lá fomos de novo para o centro de Oslo. Deixámos a scooter em Radhusplass e fomos passear a pé.

Aker Brygge é uma zona nova, em frente ao City Hall, com uma moderna marina, cheia de veleiros e muito movimentada num domingo solarengo. Fomos aos jardins do Palácio Real e seguimos pela Karl Johans Gate (a principal avenida da cidade, no enfiamento do palácio real), até à Central Station, junto à qual almoçámos. Regressámos à scooter para, desta vez sem enganos, voltarmos para a AC.

Mudança de águas e tudo reabastecido, lá rumámos a Gotenburgo, com o intuito de parar por volta das 18 horas para ver a final da Taça de Portugal. Parámos em Sarpsborg, numa área de serviço, e vimos o Vitória de Setúbal vencer a Taça!

Quando estávamos a chegar à fronteira, e visto que não iríamos mais precisar de coroas, comprámos umas garrafas de refrigerante a 3.5 €... Mais valia ter metido os trocos de gasóleo! Enfim!

A pernoita foi em Dingle, numa zona residencial muito calma, no parque de estacionamento de um supermercado... também já começa ser um clássico!

Total acumulado = 10448 km

30 de Maio

Dingle → Alborg (211 km)

Saímos cedinho e rumámos a Gotemburgo. Mal chegámos fomos comprar o bilhete do ferry (o último era às 18:30h), pelo que comprámos para este visto que eram 11h e teríamos tempo para visitar a cidade. Com o bilhete na mão, fomos para o centro da cidade à procura de um parque para estacionar. Quando, após algumas voltas, conseguimos um lugar (de uma Sra. que saía com o seu Saab), e era um lugar largo como nos convinha, um sujeito “asiático”, vem de outra fila, aproveita o movimento de saída da Sra. e rouba-nos o lugar! Eu nem queria acreditar! Apitei-lhe e disse-lhe que o lugar era meu... O fulano fez que não entendeu, estacionou e foi-se embora. Ora com tantos sítios para isto me acontecer, vai logo ser na Suécia, supostamente o país com um dos níveis de civilização, educação e civismo mais elevados do mundo!? Pois é..., só que o sujeito, de sueco só tem (na melhor das hipótese) um carimbo no passaporte...

Continuamos a procurar, mudámos de parque e procurámos, e procurámos..., mas simplesmente não havia lugar em lado nenhum para estacionar. Chegou a saturação! E ao fim de 2 horas às voltas pela cidade resolvemos que, (tal como tinha acontecido com Hammerfest), se a cidade “não gosta” de nós, fazemos-lhe a vontade e vamos embora!

Voltámos ao porto de embarque da Stella Lines e trocámos o bilhete pelo do próximo ferry para Frederikshavn. Saía às 16 horas pelo que ainda tivemos tempo para ir a correr gastar a últimas coroas suecas num hamburger enquanto a AC ficou mal estacionada junto ao portão de embarque!

Ainda assim, ficámos com pena de não poder ver melhor esta cidade, que pelo que nos pudemos aperceber das voltas que demos, é muito interessante.

Desembarcámos às 19:30h em solo dinamarquês e seguimos viagem em direcção a Aalborg debaixo de um Sol lindo de fim de tarde. Estacionámos num parque de estacionamento (57°02,97'N; 9°55,66'E), junto à água e mesmo em frente a uma rua peatonal que acedia à zona central da cidade.

Fomos passear a pé, a cidade (ás 21h) estava quase deserta, só os restaurantes e os bares tinham algumas pessoas, no entanto achámos a cidade muito simpática, várias rua só para peões, lojas, restaurantes e bares com muito bom aspecto. Gostámos muito, esperamos voltar.

Total acumulado = 10659 km

31 de Maio

Alborg → Vallenciennes (1138 km)

A noite passada recebemos a triste notícia do agravar do estado de saúde de um nosso familiar muito querido, pelo que decidimos apressar a nossa chegada a Portugal.

Arrancámos cedo e fizemos as mudanças de águas numa estação de serviço da auto-estrada (pareceu-nos que todas as estações de serviço das auto-estradas têm área para AC’s). Foi o dia todo a andar parando o mínimo possível, fazendo quilómetros atrás de quilómetros até serem horas de dormir. Assim atravessámos a Dinamarca, a Alemanha e a Bélgica de uma assentada só e fomos dormir na mesma área de serviço em que ficámos à vinda, em Vallenciennes – La Sentinelle.

Total acumulado = 11797 km

1 de Junho

Vallenciennes → Bilbao (1.061 km)

Inevitavelmente não conseguimos arrancar cedo. Foi todo o dia a andar. A passagem por Paris foi rápida (½ hora) e só largámos a auto-estrada em Poitiers para voltar a entrar em Bordéus.

Quando entrámos em Espanha, enganámo-nos no caminho e fomos por onde não costumamos ir. Pela auto-estrada Bayonne/S. Sebastian/ Bilbao/ Burgos. Parámos para dormir na 1ª área de serviço que encontrámos e que ficasse aberta toda a noite: “Amorebieta 2”.

Total acumulado = 12858 km

2 de Junho

Bilbao → Porto (744 km)

Mais um dia inteiro a andar. Almoçamos em Tordesillas e entrámos em Portugal por Vilar Formoso, onde graças a uma rotunda que não o é... (daquelas atravessadas pela estrada com prioridade mesmo ao meio), íamos ficando sem frente, foram milímetros entre nós e um autocarro de passageiros que tinha prioridade!!!. Valeu-me uma sapatada no travão que ía fazendo a scooter atravessar o quarto e a sala...

O I.P.5 estava em obras pelo que nos levou muito tempo a percorrê-lo. Quando as obras estiverem concluídas parece ser uma boa alternativa para futuras viagens.

A chegada ao Porto serviu para matar as saudades de uma parte da nossa família que, apesar dos problemas de saúde, regozijou com a nossa aventura.

Total acumulado = 13602 km

3 de Junho

Porto → Óbidos (239 km)

Passámos o dia com os meus sogros, tios e primos a descansar destas últimas etapas desgastantes e no final da tarde arrancámos para Óbidos, para a nossa “casa fixa”, onde nos esperavam a nossa restante família e toda a nossa “animalária”. As saudades eram mais que muitas!

Chegou assim ao fim a nossa (até agora!) maior aventura. 36 dias longe de casa, quase 14.000 km percorridos e mais uma vez chegamos com projectos para próximas férias e muita vontade de os concretizar, só que por este ano já não há mais!

Total acumulado = 13841 km