por NMartins » sábado ago 04, 2007 3:21 pm
Companheiro zebravo
Envio-lhe as minhas saudações e a solidariedade de um companheiro que compartilha consigo a angustia, desespero e um certo furor contido por um acto de vandalismo e malandragem com que nós, gente de bem e civilizada, não contamos. Enfim, algumas liberdades e um certo lascismo dos nossos tempos levam-nos a isto! De qualquer modo coragem e a certeza de que atrás de um mau dia dias bons vêm.
Na sequência do seu relato, cuja discrição acaba por ser util para todos os companheiros, conto-lhe tambem o que se passou comigo há dois anos, numa deslocação que fiz de Lisboa a Andorra. A paragem do primeiro dia com pernoita foi no camping Alpha em Madrid, e no dia seguinte, para cobrir os seiscentos quilómetros de viagem, foi levantar cedo e partir por volta das 7 horas da manhã de um domingo.
Volvidos cerca de 15-20 Km pela A2, reparei que uma viatura de cor azul, mas não identificada, se colocou na faixa à minha esquerda (eu logicamente seguia pela faixa da direita com trânsito quase nulo) fazendo-me sinal para encostar, ao mesmo tempo que um dos ocupantes - homem - do meu lado, me mostrava, com a mão de fora um cartão.
Rapidamente avançou, se colocou à minha frente travando-me a marcha, e depois fez sinal para desviar para o acesso que depois vi ser Alcalá de Henares. Parei, o carro parou à minha frente, nele ficaram dois ocupantes - um deles o motorista , e um terceiro saiu rapidamente, dirigindo-se à porta onde estava a minha mulher. Tinha uma tez escura, apresentava-se bem vestido, e começou por perguntar se eramos portugueses e para onde nos dirigiamos, mostrando à distancia e recolhendo rapidamente um cartão, intitulando-se "policia de fronteira". Depois, intempestivamente, começou a perguntar se não levávamos droga !... , pretendendo que lhe abrisse a luveira,e pedindo insistentemente os passaportes.
Desconfiei sobretudo da sua etnia, mas, fundamentalmente, por verificar que falava connosco, não olhos nos olhos, mas dirigindo a sua atenção para o que pudesse estar no tabelier da AC. Felizmente que eu ali, mesmo em viagem, nunca levo nada exposto! Percebi que poderia vir a ser roubado,e passei tambem "a uma de ataque" dizendo-lhe que para viajar por Espanha não precisava de passaportes, e que só lhe mostraria documentos se ele se identificasse de forma evidente com o cartão. Continuava a mostrá-lo à distancia mas logo que eu pretendia verificá-lo melhor retirava-o imediatamente.
Valeu-nos a mim e à minha mulher algum factor de sorte e de receio da parte deles, possivelmente tambem por alguma inexperiencia, pois me disse : então se não mostras os documentos segue-nos que vamos à polícia local. Arrancaram à minha frente, já a grande velocidade, e eu dei uma volta e segui para a autoestrada, prometendo a mim mesmo, depois desta peripécia, com muita sorte à mistura, nunca mais parar desde que não tenha a certeza absoluta de se tratar efectivamente de autoridade que me possa intimar a fazê-lo.
Um abraço para o colega zebravo
NMartins