proibição de estacionamento de autocaravanas em França

[ahlagos]

Boa noite,

Curioso o entendimento/esclarecimento do Ministério do Interior Francês, sobre as proibições de estacionamente de autocaravas em alguns municípios franceses.

http://www.ffaccc.fr/files/circulaire_Octobre_2004.pdf

[Henrique Fernandes]

Eu nem acho nada estranho, acho do mais elementar bom senso:
Basta olhar, com olhos de ver, para alguns dos "comentários" do texto ministerial:

Mais c’est alors le comportement des utilisateurs des autocaravanes plutôt que les autocaravanes ellesmêmes qu’il convient de mettre en cause.

Ou para este:

...ne permettant pas d’édicter à l’encontre
de toutes les autocaravanes une interdiction générale de stationner sur l’ensemble de la
commune. La jurisprudence du Conseil d’Etat s’est du reste toujours montrée hostile aux
interdictions générales et absolues.

Ou, ainda, para este:

Si les risques paraissent plus importants lorsque ces véhicules sont occupés, il est
néanmoins suffisant pour les prévenir, de limiter les interdictions à certaines zones
particulièrement sensibles, tout en préservant le droit à une halte nocturne en quelque endroit de
la commune.

Ou, para terminar, para este:

...afin que toute décision en ce domaine soit
conforme aux textes en vigueur et que l’accueil des usagers des autocaravanes s’effectue
dans les meilleures conditions.

Na minha opinião, trata-se de uma actuação que arrasa com qualquer hipocrisia discursiva do lobby do campismo e quejandos!!!
Exatamente aquilo que precisávamos cá por Portugal, vindo da parte dos Ministérios do Turismo e da Administração Interna!
Agora e só a FPA traduzir e enviar o original e a tradução a quem de direito.

[Henrique Fernandes]

Intervenção repetida

[hnunes2]

Boa noite,

Curioso o entendimento/esclarecimento do Ministério do Interior Francês, sobre as proibições de estacionamente de autocaravas em alguns municípios franceses.

http://www.ffaccc.fr/files/circulaire_Octobre_2004.pdf

Boa tarde companheiras e companheiros.

O texto é adequado à realidade de hoje e, na minha opinião, os excessos e o menosprezo pelas regras cívicas de conduta, dão origem à repressão indiscriminada, e por vezes abusiva, pagando o justo pelo pecador.
Os que vão além da nossa fronteira constatam que o texto se adequa não somente à França e a Portugal.

A ausência de apoios às AC’s nas proximidades de grandes cidades e de sítios de interesse turístico conduzem aos abusos e à natural aglomeração de AC’s em locais em que o estacionamento duma só ou mesmo duas AC’s, não trariam grandes incómodos.

Quando me iniciei “oficialmente” no campismo – já lá vai meio século – o meu clube “foi-me fazendo testes de conduta” e mostrando-me as regras básicas e as consequências negativas pela falta de cumprimento das mesmas até decidir que eu reunia condições para ser federado… e hoje? Pelo que me é dado observar, as regras, sequência da educação de cada um, nem sempre são as mais adequadas e elucidar, mesmo com delicadeza e com a melhor das intenções, corre-se o risco de gerar violência.
Por fim, a legislação que nos rege e que disciplina a sociedade é para cumprir? Gostava de viver quando a resposta for afirmativa.

Cumprimentos AC’s.

Hnunes2

[Henrique Fernandes]

Claro que a reação mais fácil e mais cómoda passará sempre por punir o justo pelo pecador.
Mas isso é apanágio de sociedades menos evoluídas do ponto de vista sociológico, o que não me espanta, nem em relação à França, nem em relação a Portugal.
Neste momento encontro-me na Noruega, para onde nem sequer viajei de AC. Mas posso dizer-vos que, nem aqui, nem na Suécia, vislumbrei ainda qualquer sinal de interdição especificamente dirigido às ACs. Como os autocaravanistas que por aqui circulam são os mesmos que por vezes também irão a Portugal, parece-me que o “problema” reside sobretudo na mentalidade de quem olha para ele (para o “problema”...).
Aqui encontram-se infraestruturas de acolhimento das ACs um pouco por todo o lado, sendo mesmo obrigatória, por lei, a sua instalação em cada comuna.
Acho que esta é a forma mais correta, eficiente e rápida de se lidar com o “problema” dos eventuais desmandos do autocaravanismo: diluição da probabilidade estatística de conflitos de interesses até se chegar a um ponto de “não notoriedade”. A interdição pura e dura, na forma de discriminação negativa, é para mim, cada vez mais, sinónimo de países de mentalidade atrasada.
Neste contexto só posso louvar o esforço do governo francês. Imagino que por trás desse esforço se encontre o forte movimento associativo dos autocaravanistas franceses, nas suas diversas formas.
Pena é que em Portugal o nosso governo nunca tenha feito nada parecido. Ao facto não será alheia, na minha humilde opinião, a “anemia crónica” do movimento associativo autocaravanista português, seja por culpa da sua reduzida dimensão quantitativa/participativa, por um lado, seja pelas peculiares ligações institucionais de uma parte do próprio movimento associativo ao universo campista (que por sinal é o nosso maior inimigo idiossincrático), por outro.

[Paulo]

Caro Henrique e restantes amigos,

Relativamente ao caso francês, e como já diversas vezes foi aqui referido, pelo menos por mim, pois sou defensor do modelo de gestão deste tipo de actividade turística aí praticado, não se aposta no clube A ou B como interlocutor entre os autocaravanistas e as instituições. Há duas entidades muito representativas que cooperam, e não se degladiam, como possivelmente poderia acontecer em Portugal se houvesse um paralelo (que não há!) que zelam pelos interesses dos autocaravanistas, no que refere à criação de AS, implementando contactos permanentes com municípios para resolução de questões como o estacionamento e as interdições abusivas.

Falo concretamente da Fédération Française des Associations et Clubs de Camping-Cars e do Comité de Liaison du Camping Car. Esta última tem o meu especial apreço, e envolve construtores, distribuidores, autocaravanistas, etc, e tem mostrado bem o seu peso institucional destacando-se as acções ganhas em tribunal relativamente a municípios que violam descaradamente a Lei quando aplicam interdições gerais ao estacionamento das AC.

Há também a federação campista, a qual diz defender também os direitos dos autocaravanistas, mas as suas acções (como seria de esperar...) não são são óbvias e quando as tem, vão no sentido do apadrinhamento de negócios associados ao acolhimento, como por exemplo o Camping-Car Park (http://www.camping-car-park.com/) já com uma AS prevista para o Norte de Portugal. Esta é uma iniciativa também válida, mas o seu interesse em substituir-se às tradicionais AS municipais é bem evidente.

Toda esta conversa para confirmar a sua convicção quando refere que imagina "que por trás desse esforço se encontre o forte movimento associativo dos autocaravanistas franceses, nas suas diversas formas.".

Como tenho sempre defendido, não vejo futuro risonho para o autocaravanismo se este [vertente itinerante ou não campista] for gerido por associações mistas de vertente campista. Não há como conciliar os interesses. Tudo o que se possa argumentar a favor dessa conciliação é puramente teórico, prevendo-se uma tendência a médio prazo lesiva para o autocaravanismo itinerante.

Abraço,

[Henrique Fernandes]

Paulo:
"

...não vejo futuro risonho para o autocaravanismo se este [vertente itinerante ou não campista] for gerido por associações mistas de vertente campista. Não há como conciliar os interesses. Tudo o que se possa argumentar a favor dessa conciliação é puramente teórico, prevendo-se uma tendência a médio prazo lesiva para o autocaravanismo itinerante.

"
Subscrevo a 100%!
E alguém que me tente convencer do contrário...