por Henrique Fernandes » domingo fev 19, 2012 2:55 pm
Companheiros:
Resumindo, quando falamos da AS de Vinhais, e levando em linha de conta todas as intervenções aqui efectuadas, parece-me que a obra foi deficientemente projectada e concebida, com custos astronómicos e desproporcionados em relação ao resultado final.
Se há uma "culpa", a quem deve a mesma ser imputada?
Por um lado, seguramente, aos autarcas e técnicos responsáveis. Neste exemplo estão patentes o "amadorismo" e a muita imprudência demonstrados por quem parece desconhecer o essencial do universo autocaravanista, pese embora a muita boa vontade que se lhes queira conceder, e que admito até ter existido. Mas sessenta mil euros para se chegar a isto, é demasiado mau para ser verdade.
Contudo, atentemos no seguinte: então nós, os autocaravanistas em geral, não temos nenhuma responsabilidade? É crível que tudo aquilo tenha acontecido sem que ao menos um autocaravanista da região não se tenha apercebido do que estava a acontecer? Alguém acredita que se os autarcas responsáveis tivessem sido devidamente aconselhados e assessorados na hora, por um autocaravanista "militante", quando o erro começou a consumar-se, tamanho desperdício teria prosseguido incólume?
Uma vez que creio que foi o Paulo Moz Barbosa quem nos chamou a atenção para esta situação, talvez ele disponha de mais informação acerca do início e desenrolar do processo, a qual esteja eventualmente en condições de colocar ao nosso alcance. Ou, em alternativa, talvez qualquer outro companheiro com mais conhecimento de causa, possa e deseje fazê-lo, para nosso esclarecimento.
Em todo o caso, e para ir ao fundo da questão (que não se limita à AS de Vinhais...), este é um exemplo de como Portugal, um país em muitos aspectos impregnado de laivos de "terceiro-mundismo", necessita, mais do que nunca, da participação e do empenhamemnto de todos nós em projectos associativos.
O problema de Portugal, lá bem no fundo, não é a existência de autarcas que não sabem grande coisa de autocaravanismo e que, ainda assim, bem ou mal, tentam fazer obra.
O verdadeiro problema de Portugal é a falta de pro-actividade da maioria dos autocaravanistas portugueses, i. é., a relativamente baixa tradição associativista e de participação cívica. E isto acontece, infelizmente, como concederão pacificamente, também em relação a muitas outras áreas da nossa vida social comum que queiramos aqui discutir. Essa pro-actividade, no caso em apreço (autocaravanismo e AS), não pode limitar-se à discussão de ideias neste Fórum, por muito relevante que tal seja (e é!). Tem de passar pela acção no terreno!
Quantos autocaravanistas portugueses intervieram algum dia junto dos "seus" autarcas, no sentido de os convencer a instalar uma AS na "sua" região, e, de permeio, já agora, a fazê-lo bem, ou pelo menos o melhor possível? Acredito que menos de 5%, o que é seguramente muito mau.
Quantos autocaravanistas se envolveram algum dia na formação e na vida de clubes autocaravanistas ou em outras formas de associativismo nas quais se sintam representados, como por ex. nos conhecidos CPA, CAS, CAI ou CGA?
E quantos, não se sentindo representados, num legítimo direito que lhes assiste, deram por outra via algum esforço pessoal e relevante à causa que afinal é de todos? Acredito que uma minoria!
E é aí que está o problema...
Houvesse um clube autocaravanista local ou regional, cuja área de influência abrangesse Vinhais, e acredito que dificilmente se teriam despendido sessenta mil euros para aquele resultado final.
Concordem ou não comigo, a "culpa" não é só dos autarcas. Peço-vos que reflitam nisto...